segunda-feira, 21 de setembro de 2020

Transformar o Amor: Não é tão difícil


Quando eu guardei silêncio, envelheceram os meus ossos pelo meu bramido em todo o dia. Salmos 32:3

Ouvimos ao longo da vida muitas frases motivacionais ensinando a transformar a dor. Usar as pedras do caminho como degraus para subir na vida. Os grandes exemplos de superação são com frequência de pessoas que sofreram alguma perda, alguma privação. Quando o herói da história ama de forma errada ele acaba tendo que passar por dores para encontrar valor para sua história, mas assim incorre em outros erros, sem chegar no final esperado.

A música popular exalta pessoas que amam errado, a cobiça dos olhos. É uma forma de minimizar o peso que é entrar de gaiato numa história que não lhe diz respeito. Não é o melhor caminho. Estive refletindo o que faz essas músicas se tornarem popular, o que atrai tanto público para essas histórias? Percebi também que todas elas, como obras feitas do ponto de vista do mundo, elas sempre induzem ou sugerem que a batalha pelo erro pode ser vencida.

Não se luta pelo impossível. Amar errado e atrair outra pessoa para o erro não vai tornar nada certo. “Andai em espírito e não cumprirei as luxúrias da carne”, diz a Bíblia. Deus não nos deixou à deriva, estamos repletos de avisos dos perigos da condição humana, dos perigos da proximidade dos sexos opostos, do perigo da exposição à estímulos que excitam os apetites do corpo. Não sejamos inocentes demais.

O que pouco se fala, porém, é como transformar amor. Para a pessoa que ama errado sobra o julgamento, se condenar pelas escolhas erradas, se torturar pelo que não pode viver. Ou a permissividade, o incentivo irrestrito à liberdade, o “ninguém é de ninguém”. “Não useis então da liberdade para dar ocasião à carne” Gálatas 5:13.

Aí cabe uma pergunta: O cristão está imune a esse tipo de sentimento? De forma alguma. Levaremos nossa carne até que o Senhor Jesus volte e a transforme. E podemos sim perder uma luta ou outra na sujeição ao espírito. Só que acredito que a solução não é a autotortura. É óbvio que se sua fé for genuína, isso vai ferir profundamente sua alma, seus valores e princípios. Vai entristecer o Espírito Santo que habita em ti. Por isso lutar pelo erro 
nunca deverá ser uma escolha. Mas se machucar também não.

Coisa ruim volta, mas coisas boas também. Como diz o salmo do início deste post: o silêncio é o problema. É preciso coragem para primeiro identificar o que é o sentimento. É real? é pura atração física? Ou é amor? Se for ilusão é mais simples se libertar. Se for só atração parar de se expor ao que te afeta ajuda. Mas se for amor, transforme-o. Quebre o silêncio. Mas não quebre o silêncio para os outros. Talvez nem o objeto do seu amor, ou principalmente ele, não precise ficar sabendo. Pelo menos até que tudo esteja resolvido. Confesse à Deus. Deus sempre estará disposto a ouvi-lo derramar seu coração contrito.

Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós.
Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça.

1 João 1:8,9

O amor é sofredor. O amor não busca seus próprios interesses. O amor não se porta com indecência. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. Não é incrível que Deus tenha deixado conselhos tão práticos sobre o amor verdadeiro? Confesse os seus erros e tire os seus interesses de perspectiva. Não busque conselhos no mundo, eles sempre vão te guiar para o abismo. Transforme o seu amor. Jogue toda a energia catalisadora e criadora de uma amor genuíno naquilo que é bom. Transforme o amor em dedicação, arte, trabalho voluntário, amizade.

O amor em si nunca será um problema, o que você faz com ele é que pode ser. A cobiça dos olhos é ruim. Não a alimente. Se você se perdeu pelo caminho, volte, recomece. Mas não siga pela estrada errada. Esqueça a ideia de que o amor sempre precisa de um final feliz, quando esse final "feliz" sai às custas da infelicidade de alguém. O amor que interessa ao cristão é o daquele que morreu na cruz para nos salvar. Qualquer outro amor podemos deixar passar.

segunda-feira, 17 de agosto de 2020

Por Acaso, Você já Adotou um Filho?



O caso da menina de 10 anos que, estuprada, engravidou do próprio tio, dividiu opiniões sobre o aborto. 

Defensores da vida, alegavam que o bebê poderia ser entregue para adoção. E a garota acolhida para tratamento psicológico. Os pró-aborto, colocavam a vida da garota grávida acima de tudo. Ela não teria condições físicas de carregar uma gestação, e ponto final.

Mas, olhando os comentários, prós e contras, uma coisa me fez refletir.

Adoção.

Ter filhos é um sonho antigo. Desde muito jovem, esteve nos meus planos. Já quis dois. Hoje eu até teria mais, embora não saiba se meus sonhos estão de acordo com os planos de Deus.

Como conciliar o desejo de ser mãe sem ter um marido?

Para a modernidade é até simples. Fazer filho é de fato muito fácil.

Mulheres – e crianças - engravidam sem querer, quando vítimas de estupradores malignos...

Há alguns anos rompi um noivado. Frustrada, vi meu sonho de me casar e construir uma família tradicional ir para o ralo. Então, fui pesquisar adoção por solteiros.

É uma opção legítima. Mas li relatos deprimentes. Filas intermináveis de espera. Um processo lento e moroso. Cheio de estigmas. Até para casais, quanto mais para uma solteira. Percebi que não tinha nenhum preparo psicológico, apenas muito amor para dar.

Existe uma demonização por mães que buscam adoção de recém-nascidos. Ao mesmo tempo em que lutam pelo aborto desses mesmos bebês. Será que existe alguma relação entre uma coisa e outra? Será que faz parte da mesma construção social, a ideia de rejeitar quem tenha o dom de acolher bebês enjeitados, para fomentar movimentos pró-aborto?

Naquele momento eu nem tinha predileção nenhuma por adoção de bebês.

E eu nem tinha opinião formada sobre aborto.

Contei numa série de posts aqui, a história de Rebecca. Uma ativista pró-vida, ela mesma fruto de um estupro. Depois de conhecê-la eliminei a única exceção de aborto que eu admitia. Sem nenhuma reflexão, só porque a lei não considera crime nesses casos. Mas a lei é só o ponto de vista do legislador, aprovado pelos demais.

Logo percebi que precisava mais para ser uma mãe de adoção do que eu precisaria para ser uma mãe normal. Se eu fosse vítima de um estupro e ficasse viva, sem nenhuma doença venérea, mas grávida, eu reduziria todo o processo...

É uma imagem horrível, não?

Se não for pelo amor, vai pela dor. A lei não favorece o amor.

A ideia de adoção não me fugiu de todo. A de ser mãe solteira, sim. Uma criança precisa de uma família sólida que a ajude na formação do seu caráter. Que zele por ela, e a proteja da maldade humana. Inclusive de parentes próximos, ou mesmo de nossa própria índole. Claro que é melhor ter uma mãe solo, do que um pai estuprador. Ou um pai solo, que uma mãe violenta ou negligente.

Talvez se a menina grávida tivesse sido adotada ainda bebê, ela pudesse hoje estar brincando de bonecas E não parindo um bebê morto, que afinal foi o que aconteceu. Sua gestação já estava de 30 semanas. Decidiram que ela não poderia passar pelo parto de um bebê vivo, para fazê-la parir um morto. A descrição do procedimento realizado é a mais bizarra possível.

Meu primeiro impulso me leva a pensar que eu adotaria essas duas crianças. A grávida e seu bebê...

Mas falar é fácil. Nada disso é permitido. A menina legalmente tem uma mãe responsável por ela. Quem não tinha ninguém zelando por ele, era o bebê. Sua alma está nos braços de Deus. Um Deus que acolhe os pequeninos.

"Por acaso, você já adotou uma criança?"

Foi uma pergunta jogada no ar, de uma defensora do aborto. Só nesse caso, dizia ela.

Não. Nunca adotei uma criança. E nunca passei nem perto de engravidar. O que não tira de mim o desejo de ser mãe. O que brotou de novidade nesse movimento pró-aborto 
do século, é a inclinação para adotar um recém-nascido. Se existe demanda por assassinatos de bebês, existe outra demanda para acolhimento deles. Se o problema é cuidar de um filho indesejado, tem quem cuide. É só procurar.

Uma criança gestando outra criança, pode parecer um caso à parte. Há opiniões de todo tipo. E nenhum debate vai mudar o triste fim dessas duas crianças.


"E se fosse sua filha?"

Seria um sinal de que eu falhei como mãe. Atingi o máximo da negligência. Mas, matar um dos inocentes talvez não fosse uma solução.  

Foram duas vítimas, de um mesmo criminoso, que quase não entra em nenhuma discussão. Podemos falar de pena de morte para o pedófilo estuprador? Ou a vida dele é mais importante?

sábado, 27 de junho de 2020

Auto Ajuda

Photo by Buecherwurm_65
As cenas que precederam a crucificação do Senhor Jesus são instrutivas, nos fazem refletir. “Passa de mim este cálice”. Quantas vezes estamos tão deprimidos, com a alma profundamente triste até a morte, implorando que um milagre nos tire daquele tormento?

E apartou-se deles cerca de um tiro de pedra; e, pondo-se de joelhos, orava,
Dizendo: Pai, se queres, passa de mim este cálice; todavia não se faça a minha vontade, mas a tua.
E apareceu-lhe um anjo do céu, que o fortalecia.
E, posto em agonia, orava mais intensamente. E o seu suor tornou-se como grandes gotas de sangue, que corriam até ao chão.
E, levantando-se da oração, veio para os seus discípulos, e achou-os dormindo de tristeza.
E disse-lhes: Por que estais dormindo? Levantai-vos, e orai, para que não entreis em tentação.

Lucas 22:41-46


Nas fases mais amenas, nos enchemos de teorias positivas, segredos e revelações mágicas que tendem a preencher nossas memórias mais superficiais, mas não alcançam nossos medos mais íntimos, que regem toda a orquestra dos nossos traumas e limitações. “E apareceu-lhe um anjo do céu, que o fortalecia”. Não vemos anjos ao nosso redor nos fortalecendo, pelo menos não na concepção da palavra, embora existam. Mas talvez não seja ousadia demais atribuir a algumas pessoas que nos auxiliam o papel de anjo, que aparecem de repente em nossas vidas, quando mais precisamos, e sem que buscássemos.

Certa vez li que melhor que a auto ajuda é a ajuda do alto. Por mais que possamos contribuir plenamente com o processo de cura das dificuldades psicológicas, nunca é um processo unilateral ou solitário. Não há tratamento eficaz quando não os deixamos adentrar nossos escombros. Quando não confiamos que aquele que nos ajuda não seja capaz de violar nossos princípios fundamentais, que não saiba da essência tripartite do homem, de corpo, alma e espírito. Alguém que estude a mente sem perder Deus de vista pode ser um grande ajudador.

A pior depressão deve ser aquela que nos afasta ou nos mantém longe de Deus. E é triste ver pessoas queridas tão próximas nessa situação. “Tem que se apegar a Deus” dizem uns. “Precisa de um psicólogo dizem outros”. Concordo com ambos, até certo ponto. Mas ninguém busca a Deus, é Deus quem nos encontra. Eu creio que ele pode alcançar quem Ele quiser das formas mais inusitadas. Creio que eu possa ser o veículo, mas não do meu modo. Creio que Deus pode colocar um anjo para fortalecê-los, ainda que em forma de terapeuta, ou ainda que esse “anjo” não fale diretamente com a pessoa.

O Senhor Jesus apesar de abatido, sabia que tudo aquilo fazia parte de um plano de amor muito maior que tudo que Ele pudesse estar passando. Há sempre uma razão maior para tudo, e não é igual dizem que “há alguém pior que você”. Não há consolo nenhum nessa mensagem, apenas menosprezo pela dor de alguém. Oremos por aquele que padece. O Senhor Jesus é capaz de se compadecer de quem sofre, independentemente se existe ou não alguém em pior estado. Ele sentiu na própria carne o castigo de todos os nossos pecados, e Ele sabe que não precisamos mais buscar o castigo para nós, nos machucar, mutilar, ou desistir da vida. Ele também já morreu por nós!

sábado, 13 de junho de 2020

O Dia Depois de Ontem – Dia dos Namorados

Photo by Acharaporn Kamornboonyarush
“Namorado não existe mais!” Diz minha mãe. Entendo o que ela quer dizer. Namorado não é marido, noivo não é marido. Há uma beleza na intimidade que não deve ser desperdiçado ou entregue sem solenidade, por mais banal que tudo tenha se tornado. E sempre que se fala em Dia dos Namorados, o que se vê nos comerciais, a agenda proposta, pouco tem a ver com esses valores, são propostas muito válidas para os casados – que não deixam de ser namorados porque oficializaram o casamento – mas namoro é outra coisa, é a linda fase inicial de uma relação entre homem e mulher.

O namorado (e a namorada também) que não antevê o casamento num ponto futuro da estrada não merece um minuto a mais da nossa atenção. O namorado que quer desfrutar de intimidade, mas não tem planos de dividir contigo sua vida e sua alma, não merece nossa dedicação. Promessas da boca para fora podem enganar por um bom tempo a quem se sente carente, ou afetado por palavras de afirmação, mas quando precisam ganhar vida e mostrar-se sólidas, não há mais meios de sustentar uma relação fracassada.

Não tenho muita experiência para falar, não tive muitos namoros duradouros (um só), e os que não duraram não estava nos meus planos que fossem tão curtos. Mas não entendo a dificuldade de quem se propõe a morar juntos e adiam a oficialização do matrimônio. Por quê? E nem estou falando de festas, ou cerimônias religiosas. Bastaria a união legal, perante testemunhas. Ah, casamento está fora de moda! É uma construção social a que as pessoas modernas não precisam se submeter, podem dizer. Será? 
Muito mais próximo da construção social estão os hábitos modernos, mesmo assim cada um escolhe o seu caminho e arca com as consequências. 

Certa vez li um livro traduzido como O Que a Bíblia Diz Sobre Romance e Namoro, do autor Douglas Nicolet, foi um bálsamo na alma para quem a época pensava que estava próxima de se casar e em um relacionamento estável. O que eu mais queria era honrar a Deus com o meu relacionamento. E era um propósito muito bom, e teria sido muito mais se fosse em comum. No livro tem um capítulo muito belo chamado Não Faça Bagunça com Lama: 


“A terra seca perde seu caráter quando misturada com água. No momento que a água é adicionada, o resultado é lama. É tão impossível construir um alicerce duradouro sobre a lama quanto sobre a água. Não tente misturar os santos padrões divinos da Palavra de Deus (terra seca) com os imundos e impuros padrões do mundo (água) (¹). Você irá terminar apenas com uma bagunça na lama! Ambos não podem se misturar com melhores resultados do que tentar colocar "vinho novo em odres velhos" (Mt 9:17).

Não tente anexar suas definições ao que Deus já chamou de "terra seca" e "água". Os pensamentos dEle são infinitamente superiores aos seus (Is 55:8-9). Às vezes, quando crentes são apanhados pelo espírito do mundo, eles são tentados a modernizar ou dar nomes diferentes aos princípios de Deus. Por exemplo, o mundo diz que, quando um homem e uma mulher não casados vivem juntos, eles estão "coabitando" ou tendo um(a) "companheiro(a)", ou fazendo "um compromisso de amor".

No entanto, Deus chama o sexo fora do casamento de pecado da fornicação.

Tentar misturar os padrões morais para um romance do mundo com os padrões santos e puros de Deus só pode trazer desastres. Tome cuidado para não criar lama moral em seu namoro! E lembre-se que o que Deus cria e nomeia é bom. Mudar Seus padrões para se adequarem às vontades do mundo apenas fará você entrar em uma "bagunça pegajosa"! "Que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? (2 Coríntios 6:14)”

(¹) Apesar da água em geral ser encontrada, nas Escrituras, como figura da Palavra de Deus (ver Ef 5:26), aqui o contexto tomado é o da criação, sendo a terra seca um local onde pode-se firmar um alicerce, o que não pode ser feito na água.” 


Eu nunca quis brincar na lama. Mas passei bem perto e carrego alguns respingos. Como um pedestre que passava distraído pela beira da estrada, e foi atingido pela lama da poça d’água que o carro passou por cima. Hoje, depois de muito me abalar com o dia de ontem, feliz por ver tantos casais queridos comemorando, e triste por não me lembrar de nenhum dia dos namorados que tive. Sim, eu tive! mas onde foram parar as memórias? Ressentida por não ter ninguém para cumprir comigo os propósitos de Deus, resolvi reler alguns trechos do livro, e agora faz mais sentido que antes o capítulo: Você Pode Começar de Novo


“A água nas Escrituras muitas vezes sugere instabilidade e confusão (Lucas 21:25). Talvez seja exatamente assim que você se sente agora sobre o efeito de um romance anterior ou a incerteza sobre o começo de um novo. Tudo pode parecer escuro, sem forma, perdido, mas lembre-se que Deus está pessoalmente e intensamente interessado em você. É tão interessante que Ele sabe exatamente quantos cabelos você tem na cabeça (Lucas 12:7). Assim como Seu Espírito se movia com interesse divino sobre a desolada cena de Gênesis, assim Ele hoje se preocupa com as condições do seu coração e da sua vida.

Em outra tradução (J.N.D.), o Espírito de Deus está registrado como "pairando" ou "meditando" sobre a cena de desolação. Por que Deus simplesmente não desistiu, destruindo toda a criação e então começado tudo de novo? Porque não é este o coração de nosso maravilhoso e amável Deus! Ele se deleita em tornar belo algo que estava em condições de ruína! "A quebrada ligarei, e a enferma fortalecerei" (Ez 34:16).

Se o pecado e a desobediência marcaram seu namoro, arrependa-se e confesse isto ao seu Pai. Se há confusão e trevas na sua vida em relação a romances, confie e se submeta à fé no seu Pai. Ninguém pode fazer melhor para você do que Ele! "Confiarei em ti." (Sl 56:3)”

Bora recomeçar e firmar alicerces em terra seca!

O livro que citei pode ser lido pela tradução no blog http://romance-namoro.blogspot.com/

domingo, 7 de junho de 2020

Linguagem do Amor

Photo by Tomer Dahari
Costumo tomar um pouco de cuidado com literaturas seculares, e muito mais com literaturas dito cristãs ou escritas por cristãos com títulos clericais, sejam padres, pastores ou afins. As últimas podem ser muito mais perigosas que as primeiras, pois as seculares, basta saber que o objetivo é puramente mundano e já dá para se prevenir de algumas coisas, já as ditas cristãs podem ser muito maliciosas. Mas se filtrar direito, existem obras muito boas, despretensiosas que não ferem princípios fundamentais da doutrina cristã, e ainda trazem bons frutos.

Há dois anos li um livro que falava sobre linguagem do amor. Cinco formas básicas pelas quais as pessoas se sentem amadas. Não é nenhum grande tratado científico, o autor tirou suas conclusões observando o comportamento humano, e sua teoria faz muito sentido e os resultados quando paramos para falar a linguagem do outro é bem real.

O esforço para se expressar de modo que o próximo se sinta amado é bem bonito de se considerar. É desafiador, e de certa forma reflete o “amarás ao teu próximo como a ti mesmo”. Como a ti mesmo não quer dizer da mesma forma, ou com a mesma linguagem que você se sente amado. O amor não é um sentimento, é uma atitude. É um propósito firmado com o próximo, ele correspondendo ou não. E sendo uma atitude, é muito interessante contar com a ajuda da teoria e dicas do autor do livro que citei. 



"Os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos.
Um dia faz declaração a outro dia, e uma noite mostra sabedoria a outra noite.
Não há linguagem nem fala onde não se ouça a sua voz." 

Salmos 19:1-3 


Assim como diz o Salmo 19 “Não há linguagem nem fala onde não se ouça a sua voz”, mesmo essa forma de expressar e sentir o amor, pertence a fórmula com que Deus criou cada um de nós, alguns mais sensíveis ao toque, outros mais suscetíveis a palavras afirmativas, outros mais voltados a atos de serviços, muitos se encantam com presentes, e outros, como eu, curtem um bom tempo de qualidade com quem se ama! Todas as combinações possíveis de um DNA formado pela matéria prima de Deus.

Não me parece um grande esforço de aperfeiçoamento do homem, uma auto ajuda, é uma ajuda sim, mas voltada para o próximo, pois é de muito pouco proveito sabermos apenas qual é nossa própria linguagem. Ajuda a entender por que reagimos tão mal quando a pessoa usou uma abordagem errada para expressar seu amor, mas não nos faz sentir mais ou menos amados. No entanto, abre um leque enorme de possibilidades de tocar o coração do outro, e fazê-lo olhar para o lado bom da vida, esse sopro de vida divina que nos faz respirar e nosso coração pulsar! Abre caminho para tentar trazer de volta o desejo de permanecer aqui para quem anda desistindo da vida, por não saber conviver com a dor, ou esteja perdido na Babel das linguagens sem saber expressar amor e sentir-se amado.

O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece.
Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal;
Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;
Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.

1 Coríntios 13:4-7


Escrevi mais sobre o livro no post Linguagens do Amor - As Cinco Linguagens

domingo, 24 de maio de 2020

A Cura


Passei grande parte da vida ouvindo que eu tinha uma doença sem cura. “Possui tratamento, mas não tem cura”, diziam. Como assim produção? Uma doença tão antiga, tão cheia de estigmas e apelidos (mal sagrado?) e a venerada ciência dos homens não encontrara a cura? Pois é. Até hoje, mais de 20 anos depois do meu primeiro sintoma, nada mudou nos protocolos médicos no tratamento da doença. Estou curada e não foi a ciência que me deu a cura.

Os próprios médicos estão cientes, que em muitos casos as crises tendem a desaparecer às vezes espontaneamente. O tratamento apenas ameniza os sintomas, ou pelo menos tenta. Nesse mesmo período, nos 17 anos de convívio com a doença, fui alternando medicações até encontrar alguma que não me sedasse completamente. E se eu fosse me impressionar com os possíveis efeitos previstos nas bulas de cada um deles! Hidroxicloroquina é suquinho de uva perto de cada medicação que já tomei! Ou seja, só precisei ir trocando a medicação para conseguir ficar acordada na maior parte do tempo, e não por causa de nenhum outro problema previsto que não era pouca coisa.

Sendo assim, por experiência própria, nunca lanço minhas cartas todas no quesito ciência e muito menos me impressiono com efeito colateral de bulas. Elas estão ali porque precisam, está documentando que alguém, alguma vez na vida reagiu mal à medicação, mas se fosse uma substância tão maligna já teria saído de circulação, principalmente substâncias com mais de 60 anos de uso. Não me parece racional ter medo de algo velho conhecido, pela mesma ciência a que exaltam. Por outro lado, dá para desconfiar de uma vacina saída a toque de caixa, principalmente se vierem do oriente ou do Bill Gates! Há mais interesses escusos do que imagina minha vã filosofia! Mas, e agora José?

Agora nos resta esperar. As tribulações nos ensinam. Não adianta desesperar. Aliás o desespero cega, a histeria nos tira do prumo, perdemos totalmente o pouco de controle que podemos exercer sobre nossas vidas. Digo pouco, porque nosso campo de atuação é pequeno debaixo do sol, como dizia Salomão. O que acontece por aqui é só parte do que podemos ver da história. Sabe aquele trecho bíblico popularizado pelo Legião Urbana, numa música muito bonita que mistura o poema de Camões com 1 Coríntios 13? “Agora vejo em partes, mas então veremos face a face” (Veja 1 Cor 13:12).

Quem é aficionado por séries de streaming deveria estar acostumado que os porquês de todo o enredo só são mostrados no final da última temporada. Há indícios de que o final está próximo, e há mais de 2000 anos os cristãos são ensinados a estar sempre à postos, esperando o grande dia que precede o fim. Confuso? Pode ser. Nem sempre fui cristã, por muito tempo fui católica não praticante, que é uma forma legal de dizer que não é ateu nem evangélico, mas não tem vida espiritual ativa, o que equivale a ser um mero professo, cristão da boca para fora, por isso sei que não é fácil entender. Mas sei que é possível!

Para os males do mundo, sei que se o homem não conseguir encontrar uma droga que cure o tal Covid-19, se for da vontade de Deus, Ele mesmo pode erradicar essa praga da humanidade. Assim como nada está ocorrendo sem sua permissão, com um propósito que desconhecemos. Deus não precisa ser bonzinho aos moldes que o homem pensa que a justiça deve ser. O modo bonzinho, muitas vezes é condescendente, cúmplice. O Deus justo disciplina àquele que ama. E não dá para negar que as lições aprendidas na dor são as que carregamos com mais zelo pelo resto de nossas vidas! O fato de não entender os desígnios de Deus não quer dizer que Ele seja injusto ou esteja errado. Quer dizer apenas que você é um ser humano limitado e pecador, e que ainda existe nesse mundo graças a misericórdia dEle que espera que você creia e seja salvo de um destino nada glorioso.

Confiem! A causa de todo o mal é a mesma desde que nos entendemos como humanidade: o pecado. Ou seja, não há novidade por aqui não! São facetas modernizadas da mesma raiz maldosa que há no ser humano desde a queda. Nós nos surpreendemos com a maldade humana, mas Deus já conhece todo o potencial cruel que podemos alcançar, e já providenciou inclusive o castigo, a solidão por três horas sem Deus na cruz de Cristo. O Senhor Jesus já pagou por todo mal que somos capazes de praticar quando ainda não éramos nem um zigoto no ventre de nossas mães, que por sua vez ainda nem eram nascidas, nem nossas tataravós. Então, “agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor”. 1 Coríntios 13:13. Espere!

"Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo; Pelo qual também temos entrada pela fé a esta graça, na qual estamos firmes, e nos gloriamos na esperança da glória de Deus. E não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a paciência, E a paciência a experiência, e a experiência a esperança. E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado". 
Romanos 5:1-5

domingo, 10 de maio de 2020

Qual o nosso propósito?


Estive lendo uma crônica sobre propósito da vida. Não pretendo dar uma resposta. Não sei ao certo qual o propósito da minha própria vida! No entanto, não saber qual é não me faz duvidar que existe um propósito que não está sob meu comando. Como eu sei disso? Basta me olhar no espelho, e ver até onde cheguei contra tantas probabilidades.

Quantos planos pessoais a menina de 10 anos tinha, e logo ali aos 12 começaram a desmoronar por causa de uma epilepsia? Quantas coisas se passaram na minha cabeça, quando fiquei lá de expectadora, vendo meus irmãos estudando e trabalhando. Que sorte a minha poder ter na infância um dos irmãos como amigo, pelo qual torcia por cada conquista, mas quão triste foi ficar nessa posição.

Passei por três psicólogas ao longo da vida. Na primeira vez era terapia em grupo que tive que abandonar porque dependia da minha mãe para me levar, e ela tinha mais o que fazer. Na segunda, abandonei porque consegui me matricular na universidade, quando a tempestade já tinha passado e não daria para conciliar horários. Na terceira vez eu consegui até receber alta, estava tudo correndo bem, eu ia me casar... só que não. Desmoronou tudo de novo! Pedi arrego, voltei às sessões. Me organizei e tive que sair de novo, porque o período por conta da empresa tinha cessado, e eu não daria conta de continuar. Mas foi muito positivo.

Psicólogos têm fama de ateus. Então, como cristã, nunca coloquei minha fé em discussão. Não acho que ficar um pouco descompensado mentalmente seja falta de fé, mas eu nunca perguntaria certas coisas a um psicólogo (ou psiquiatra). Graças a Deus (a Ele graças sempre!) minha última psicóloga era uma excelente terapeuta, e me ajudou muito a organizar minha mente, e entender muitas coisas, atuando ali no único território permitido: o da ciência, da psicoterapia clínica, metalinguagem e neurolinguística. Religião e Política não foi pauta nunca. Possivelmente ela entendeu o recado sem que eu precisasse nunca ter lhe pedido para não entrar em nenhuma destas searas. Eu tinha alguns pontos muito específicos a tratar, e eu sabia quais, só não sabia como.

Por ter muito tempo disponível para pensar na infância e adolescência, e início da vida adulta, enxergar os meus monstros mentais era uma tarefa comum. Eu sabia que existia algo errado e estava na minha cabeça. Infelizmente, muita gente não tem a mesma condição de ver com clareza os próprios problemas. A correria do dia a dia atrapalha, pior ainda quando nos acostumamos a condicionar a solução de todos os problemas a política ou mesmo a religião, no modelo como a maioria costuma entender o termo. E então veem a corrupção, as notícias mal divulgadas ou os mercadores da fé e se desesperam.

Mesmo assim, olhando todos os perrengues por qual passei e onde estou hoje, não dá para não me render em louvores a Deus por tudo! Eu não tenho mérito algum nas minhas conquistas! Todas as condições favoráveis foram aproveitadas, mas não vieram de mim! Até as coisas que deram erradas, como o casamento frustrado, foram grandessíssimas vitórias! Saber que onde estou não é grande coisa se comparar com a posição de outras pessoas, sejam colegas dos tempos de escola, ou conhecidos de outros lugares não muda nada, a minha história é só minha e é valiosa independentemente do que aparenta estar melhor na vida dos outros. Deus é que sabe o que existe por trás das fotos do Instagram!

Essa conclusão não me exime da responsabilidade de cuidar da minha saúde mental e física. A prioridade, no entanto, é a vida espiritual que é aquele nosso lado que não deve entrar nas sessões de terapia, e muito menos se envolver com política! Se depositarmos nossas esperanças no político A ou B e por tabela acreditarmos que o aqui e agora é tudo que existe, não há terapia que nos ajudará, pois o governos das nossas vidas estará em mãos humanas e nem serão as nossas próprias mãos!

Eu creio que existe um Governo Celestial no controle de tudo, inclusive do político A e do B, e que as coisas todas que ocorrem contribuem juntamente para o bem daqueles que são chamados segundo um propósito maior. O problema fundamental não é viver mal, nem morrer. O problema é achar que morrer é solução para deixar de viver mal, e encontrar com essa “solução” a danação eterna.


Muitos propósitos há no coração do homem, porém o conselho do Senhor permanecerá. Provérbios 19:21

Que diremos, pois, a estas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós? Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes o entregou por todos nós, como nos não dará também com ele todas as coisas? Romanos 8:31,32

domingo, 26 de abril de 2020

Adaptação


A vida do cristão é uma vida de oração. Sempre disse que eu não sabia orar, na verdade queria dizer que tinha dificuldade com modelos padronizados, rótulos. Mas do meu modo, tenho colocado meus dias nas mãos de Deus, e apesar de um histórico imenso de situações, às vezes parece novidade o que me ocorre.

É normal pedirmos livramento de certas situações ruins, mas é muito triste quando no percurso acabamos perdendo outras coisas que julgávamos muito boas. E não dá para contestar, não é? Deus sabe de todas as coisas, e como diz a palavra de Deus: “sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. Romanos 8:28

O mesmo capítulo de Romanos (8:26) também diz que “não sabemos o que havemos de pedir como convém” e que o “Espírito intercede por nós”. Fico imaginando quantos movimentos se deram ao meu redor para atingir certos resultados tão além do que eu tinha pedido. Por outro lado, quão reconfortante é saber que Deus está comigo! Graças ao Senhor Jesus, e sua preciosa obra na cruz, não preciso temer o juízo de Deus e posso descansar no Seu consolo.

As coisas ruins já não terão mais alcance. Não podemos nos adaptar a esse mundo (Rm 12:2) e responder na mesma moeda. “Minha é a vingança; eu recompensarei, diz o Senhor”. (Rm 12:19). “E tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como ao Senhor, e não aos homens” (Col 3:23). Deus permitiu, pois ninguém tem poder para pesar a mão sobre os filhos de Deus sem autorização do Criador. Os primeiros capítulos do livro de Jó e o episódio do Senhor Jesus com Pilatos mostra isso. 

Graças ao Senhor Jesus tudo se fez novo. Que seja feita a Tua vontade assim na Terra como nos Céus!

domingo, 12 de abril de 2020

Pensamentos Perversos


No início deste mês saiu uma notícia dizendo que o Presidente das Filipinas mandou a polícia atirar para matar quem descumprisse regras de isolamento devido ao Coronavírus. Li alguns relatos escandalizados com a notícia, eu mesma não vi lógica no raciocínio, afinal, se o isolamento é para – supostamente – salvar vidas, por que matar à tiros tem primazia contra o contágio do vírus, que por si só é letal para a minoria dos contaminados? Quando é que ir e vir foi constituído crime para justificar ação de polícia seja para matar, seja para prender? E não está faltando muito para que a pretensão do presidente das Filipinas chegue ao Brasil. Caiu nas graças de muitos a ideia de colocar na conta do vírus a justificativa para extravasar sentimentos bem autoritários e, por que não dizer, cruéis.

Citei muitas vezes aqui a obediência às autoridades, e as mantenho. Mas acredito que cabe uma ressalva nesta situação. Como escreveu Mario Persona: “um policial ou soldado cristão deve buscar a orientação de Deus de como agir. Veja o caso dos alemães durante a 2a. Guerra. Obviamente eles estavam sob uma autoridade superior, mas essa autoridade ordenava que matassem judeus e ciganos inocentes, não por terem praticado algum crime, mas simplesmente por serem de outras etnias. Neste caso um cristão devia obedecer primeiro a Deus do que aos homens. Não deveria se sujeitar às ordens de Hitler, embora isso provavelmente lhe custasse a própria vida”.

Há quem possa dizer que não é inocente quem rompe o isolamento, pois está se colocando em risco, e podendo ao se contaminar, transmitir o vírus para outras pessoas. Sendo assim não são inocentes jornalistas, motoboys, farmacêuticos e todas as pessoas que estão trabalhando nos chamados serviços essenciais. Diriam ainda: mas estes estão autorizados! E o risco de contaminação, por acaso, não é o mesmo? E se não há crime, não há inocentes ou culpados! Ao menos no Brasil, no que diz respeito à lei de enfrentamento ao Covid-19 temos:

Art. 2º Para fins do disposto nesta Lei (13.979 de 06/02/2020), considera-se:
I - isolamento: separação de pessoas doentes ou contaminadas, ou de bagagens, meios de transporte, mercadorias ou encomendas postais afetadas, de outros, de maneira a evitar a contaminação ou a propagação do coronavírus; e 
 
II - quarentena: restrição de atividades ou separação de pessoas suspeitas de contaminação das pessoas que não estejam doentes, ou de bagagens, contêineres, animais, meios de transporte ou mercadorias suspeitos de contaminação, de maneira a evitar a possível contaminação ou a propagação do coronavírus.
Não há na lei federal fundamento que impeça o direito de ir e vir geral, são situações específicas. Existem outros critérios na lei, mas não vem ao caso nesse post. O objetivo é outro: faz sentido, nesse contexto, matar para evitar mortes? Não se trata nem de justiça com as próprias mãos. É suposto justo que a polícia possa matar quem põe em risco a vida de terceiros simplesmente ao se locomover e em hipótese aumentar o contágio, ao passo que se supõe igualmente justo, soltar da prisão pessoas que por lei foram responsabilizadas por crimes - inclusive homícidios e estupros - para que não se contaminem no isolamento social da cadeia! Não parece óbvio a corrupção dos valores? O real problema não é social é espiritual. Sem um princípio condutor seguro, as pessoas são levadas por todo tipo de opinião que pareça correto aos seus próprios olhos, que por natureza é cega aos princípios de Deus desde que o pecado entrou no mundo.

As perspectivas das pessoas em plena pandemia está muito curta. Que diferença faz morrer de Coronavírus ou “morte natural”, se na prática toda morte é resultado de uma única coisa: o pecado? "Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor". Romanos 6:23. Devemos por isso descuidar da saúde, da higiene e dos hábitos alimentares, por que o que importa é o céu? De maneira nenhuma, mas qual importa mais? O que se passa no coração de quem concorda em abater um sujeito a tiros por simplesmente circular pela rua em tempos de pandemia? O que mais se vê são pessoas desejando a morte dos rebeldes da quarentena. O que faz dos obedientes mais dignos que os rebeldes, se na prática, tanto uns quanto os outros terão o mesmo destino se não tiverem fé nAquele que pagou pelos seus pecados na cruz? O que tem por traz desse tipo de sentimento? Será que já não há um mal muito mais nocivo que Covid-19 corroendo o coração e a alma das pessoas e que as circunstâncias só estão ajudando a trazer à luz? Como está o teu coração nesta quarentena?

Estas seis coisas o Senhor odeia, e a sétima a sua alma abomina:
Olhos altivos, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente, 
O coração que maquina pensamentos perversos, pés que se apressam a correr para o mal,
A testemunha falsa que profere mentiras, e o que semeia contendas entre irmãos.

Provérbios 6:16-19

sábado, 4 de abril de 2020

Barulho no Céu


Hoje acordei ouvindo um barulho no céu. Era o barulho de um balão que alguém soltou. Mais tarde, fui dar uma fuçada rápida no Twitter e vi no Trends: #barulhonoceu. Pessoas em vários cantos dizendo que ouviram um barulho no céu esta manhã. Fora o balão, não ouvi nadinha! Lendo alguns Twittes dessa hashtag, vi muitos falando em Apocalipse, Arrebatamento, e coisas do tipo. As pessoas realmente não têm noção do que é o cristianismo verdadeiro! Alguns twittes me deixaram muito reflexiva:
“Escuta aqui, Deus, eu lutei demais pra entrar em uma faculdade e ainda nem tive um relacionamento que desse certo, e n posso morrer agora cara pfv, segura mais uns 20 anos aí #barulhonoceu”.

“Oi Deus aqui é a Bruna de novo, queria pedir pra aguentar mais um pouco. Queremos subir, porém eu não tenho psicológico pra passar por um arrebatamento agora. Ta bom? Bj, fique com Deus, Deus. #barulhonoceu”

“#barulhonoceu deus [sic], me explica qual é dessa palhaçada, eu ainda nem vivi meu romance adolescente, por favor tenha piedade da sua filha”

“Gente, não me venham com essa de quem só ouviu [sic] vai pro céu. Já sofri demais nessa terra”.

Não convém continuar com as descrições. Fica claro que a esperança e o coração de muitos está fixado na terra e nas coisas deste mundo, como faculdade, relacionamento ou até preparo psicológico! Onde já se viu, precisar de preparo psicológico para estar com o Senhor? Tua Palavra diz que seremos transformados!

Eis aqui vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados;

Num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados.

1 Coríntios 15:51,52
Para quem pensou no Arrebatamento, creio que a maioria não sabe do que está falando. Para quem falou de Apocalipse ou Tribulação, mesmo também achando que eles não sabem do que se trata, acho que estão certos em querer adiar este dia. Com tanta ousadia nas palavras, parece que são incrédulos, usando um contexto bíblico para aparecer no trends da rede social, sem qualquer respeito à Palavra de Deus. Logo é bom que este dia seja adiado, para quem sabe dar tempo que se convertam e creiam no Salvador.

A mim não preocupa o prenúncio do apocalipse que muitos anunciam. Também não acho que quem acredita que vai para o céu é presunçoso. Minha fé em Cristo não é mérito meu, é obra dEle no meu coração, e no coração de cada crente em cada canto do mundo. Entendam crente, como aquele que crê em Cristo, independentemente da religião cristã ao qual possam estar ligados. As pessoas gostam muito destes fenômenos; nada disso importa.

Por outro lado, foi interessante este acontecimento – não o barulho, que não ouvi, mas a hashtag – porque me vi um pouco distraída da espera pelo Senhor! O cristão não precisa ter medo da vinda do Senhor para nos levar para o céu! Ser cristão é crer que o Senhor Jesus pagou pelos nossos pecados na cruz, “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus”. Romanos 8:1. O que pode ser mais importante para o cristão que estar com Cristo?

Será que nossas afeições estão nos prendendo a atenção onde não deveria? Será que o desejo mesmo que sincero e positivo de formar uma família faz tocar secretamente uma vontade íntima de que esta grande hora possa ser adiada, a fim de ganharmos tempo para quem sabe, conquistar o que queremos? Será que concluir uma faculdade tem consumido mais nossas energias que as coisas que são do alto? Será que nosso trabalho, ou o direito (ou dever, sei lá) de ficar em casa na quarentena tem nos tomado de assalto a atenção que deveria ser para quem está coordenando tudo isso? Será que tomar partido das medidas A ou B que autoridades tomam em relação ao Covid-19 é relevante? É para se pensar.

Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro.

Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor.

1 Tessalonicenses 4:16,17

sexta-feira, 3 de abril de 2020

Não vos inquieteis pelo dia de amanhã


Por razões óbvias – pelo menos para quem me conhece – nunca gostei de zoológico, aquário ou gaiolas. Dizia: de bicho preso já basta eu! E olha só, ontem vi pessoas fazendo coro comigo! Isolamento social é uma realidade velha conhecida, ela não me espanta e não me causa pânico. Claro, reconheço que a causa é outra, meu isolamento anterior atingia só a mim, familiares e sem nenhum prejuízo a algumas pessoas que me “socorreram” nos tempos de escola. Inclui aspas, porque socorrer não é bem a palavra. Alguns deram uma forcinha quando minha consciência tinha ido passear para um lado enquanto o corpo caminhava para outro, ou caiu em estado de poesia, como romantizou Mario Quintana.

Pode ser meio chato eu ficar repetindo isso. Mas está sendo inevitável a associação dos fatos. O objetivo comum é o mesmo: isolar para preservar. Preservar quem do que, é questionável. Mas lá no passado só me cabia obedecer àqueles que exerciam autoridade sobre mim – no caso minha mãe, e aqueles que me sustentavam. E aqui, aos poucos começou toda a minha trajetória para ganhar forças para romper o isolamento.

É fácil sustentar crianças e adolescentes. Agora experimenta sustentar adultos improdutivos para ver se a coisa não muda de figura! Dos 18 anos em diante era o que me tornei, e esta experiência é uma das mais terríveis possíveis. “Como assim?” - Lamentava. “Eu quero trabalhar! Eu não pedi para ninguém me sustentar, eu não pedi por doença nenhuma. Estão me matando para eu não morrer!” Doenças psicológicas podem matar. A baixa imunidade me inclui no grupo de risco, tudo pelo isolamento social na fase onde crianças e jovens precisavam mais é se contaminar para criar anticorpos! E isso me deixa bem na mira do Covid-19, que passou raspando... hoje não Coronão!

Ninguém me liberou oficialmente do isolamento. Fui escapando aos poucos. Vencendo pelo cansaço. É possível que eu tenha feito algumas coisas erradas neste período, para burlar o estado das coisas, contra o tempo determinado por Deus, que acreditava – na minha insensatez – estar demorando demais. Apesar disso, foi um momento muito feliz da minha vida, que aproximou o Senhor Jesus de mim, visto que eu jamais faria o movimento contrário. Mesmo na minha teimosia, o Senhor me consolava: E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. 2 Coríntios 12:9. Todas as obras das minhas mãos foram frustradas até que Deus quis fazer acontecer, e o mais belo é que tudo começou com uma visita inesperada de um amigo de infância (de antes de tudo). Nunca que eu pensei em receber aquela visita, naquele dia, naquelas condições. Mas ela veio, ali foi o sinal para eu agarrar a oportunidade que ele trazia, e era o último dia possível para eu aderir ao que ele me anunciava...

Tendo ainda mais forte que naquela época a confiança no nosso intercessor direto -
 o Senhor Jesus - junto ao Pai, e sabendo da minha humilde experiência e tudo e todos que Deus moveu em meu auxílio, de boa ou má vontade fizeram exatamente o que precisava ser feito. Esse mesmo Deus não há de desamparar pessoas de um país inteiro, para não dizer nos continentes, adultos improdutivos, que em sua maioria não está nesta condição por preguiça, não por crerem que é obrigação do Estado ou dos empresários o seu sustento. Mas por força das circunstâncias e obediência às determinações das autoridades. Certamente esses dias estão trazendo uma infinidade de aprendizado.
Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu nome; João 1:12
Todos aqueles que crêem no Senhor Jesus, na boa nova do evangelho, são feitos filhos de Deus! Se nosso pai terreno, por pior que seja, não nos deixa morrer à míngua (salvo exceções), quantas bençãos o Pai do Céu não guarda para nós? Pois se vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais dará o Pai celestial o Espírito Santo àqueles que lho pedirem? Lucas 11:13. Numa geração que desaprendeu a obediência e a paciência, é possível que esta quarentena esteja servindo para baixar a bola de muitas almas mal-acostumadas a terem tudo na hora. Porque o Senhor repreende aquele a quem ama, assim como o pai ao filho a quem quer bem. Provérbios 3:12.

Tenham calma! Aflições fazem parte. É possível que muitos já estejam contaminados sem nem saber, pois estão assintomáticos, outros vão conseguir fugir da contaminação por muito tempo, e muitos que poderão ser contaminados! Há países em estado avançado no desenvolvimento da vacina, já existem medicamentos sendo aplicados com sucesso mesmo aos casos graves. Calma! O que tiver que acontecer vai ocorrer com quarentena horizontal, vertical ou sem quarentena. Se você não crê na boa notícia a que a Bíblia dá testemunho, creio que o Coronavírus é o menor dos seus problemas, e não pelo vírus ser microscópico, que em seu maior potencial letal só pode fazer mal ao seu corpo. E a tua alma?

Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal. Mateus 6:34

quinta-feira, 2 de abril de 2020

Completamente Perdido


Cristo Consumou Tudo!

Assim sucede, em todos os casos, com o pecador. "Deus é tão puro de olhos, que não pode ver o mal, e a vexação não pode contemplar" (He 1:13); e contudo, desde o momento em que um pecador toma o seu verdadeiro lugar, como aquele que está completamente perdido, culpado e arruinado — não tendo um único ponto em que o olhar da Santidade Divina possa fixar-se com complacência — como um ser tão mau que não pode ser pior, toda a questão é pronta e divinamente solucionada. A graça de Deus é para os pecadores; se eu reconheço que sou pecador, sei que sou um daqueles que Cristo veio salvar. Quanto mais claramente alguém me demonstra que sou um pecador, mais claramente me prova o meu direito ao amor de Deus e à obra de Cristo. "Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus" (1 Pe 3:18). Logo, se eu sou "injusto", sou um daqueles por quem Cristo morreu e tenho direito a todos os benefícios resultantes da Sua morte. “Na verdade, não há homem justo sobre a terra", e, visto que eu estou "sobre a terra" é evidente que sou "injusto"; é também evidente que Cristo morreu por mim — que sofreu pelos meus pecados.

Portanto, visto que Cristo morreu por mim, possuo o feliz privilégio de entrar no gozo imediato dos frutos do Seu sacrifício. Isto é tão claro quanto o pode ser. Não requer esforço algum para ser compreendido. Não se me exige que seja senão o que sou. Não sou chamado para sentir, experimentar ou realizar qualquer coisa por mim mesmo. A Palavra de Deus assegura-me que Cristo morreu por mim tal como sou, e se Ele morreu por mim eu estou tão seguro como Ele Próprio está. Não existe nada contra mim. Cristo satisfez toda a justiça divina. Não só sofreu por causa dos meus "pecados", mas para tirar o pecado. Aboliu todo o sistema em que, na qualidade de filho de Adão, eu me encontrava, e colocou-me numa nova posição, associado com Ele Próprio, e ali estou, diante de Deus, livre de toda a imputação de culpa e do temor do juízo divino.

Como posso saber que o Seu sangue foi derramado por mim? Pelas Escrituras. Fonte bendita, segura e eterna de conhecimento! Cristo sofreu por causa dos pecados. Eu tenho pecados. Cristo morreu, "o justo pelos injustos". Eu sou injusto. Portanto, a morte de Cristo diz-me respeito tão clara e completamente como seu eu fosse o único pecador da terra. Não é uma questão de eu me apropriar da morte de Cristo ou da minha experiência. Muitas almas atormentam-se com estas ideias. Quantas vezes ouvimos expressões como estas: "Oh! eu creio que Cristo morreu pelos pecadores, mas não sinto que os meus pecados estão perdoados. Não posso aplicar o perdão a mim próprio, não posso apropriar-me dele nem experimentar os benefícios da morte de Cristo". Tudo isto vem do ego e não de Cristo. É sentimento e não conhecimento da Escritura.

Se examinarmos o santo volume do princípio ao fim não encontraremos uma só palavra que nos fale em sermos salvos por compreensão, experiência ou apropriação. O evangelho adapta-se por si a todos os que reconhecem estar perdidos. Cristo morreu pelos pecadores. Isto é precisamente o que eu sou. Portanto, Ele morreu por mim. Como sei isso? Será porque o sinto? De modo nenhum. De que modo, pois? Pela Palavra de Deus. "Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras... foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras" (1 Co 15:3 - 4). Assim tudo se cumpre "segundo as Escrituras". Se fosse segundo os nossos sentimentos, seríamos muito infelizes, porque os nossos sentimentos não duram um dia; mas as Escrituras são sempre as mesmas. "Para sempre, ó Senhor, a tua palavra permanece no céu." "Engrandeceste a tua palavra acima de todo o teu nome." Sem dúvida, a experiência, o sentimento e o poder de compreensão são coisas muito agradáveis, mas se as colocarmos no lugar de Cristo, não as teremos, nem Cristo, que no-las dá. Se estou ocupado com Cristo, verei resultados; mas se ponho esses resultados em lugar de Cristo não aproveitarei os resultados e não terei a aprovação de Cristo.

Esta é a triste condição de milhares de pessoas. Em vez de descansarem sobre a autoridade imutável das "Escrituras", contemplam-se a si próprios, e, por isso, andam sempre indecisos e por consequência são infelizes. Um estado de dúvida é um estado de tortura. Mas como poderei libertar-me de dúvidas? Crendo simplesmente na autoridade divina das "Escrituras". De quem dão testemunho as Escrituras? De Cristo (Jo 5). Declaram que Cristo morreu por nossos pecados, e que ressuscitou para nossa justificação (Rm. 4). Isto resolve tudo. A mesmíssima autoridade que me diz que sou injusto, também me diz que Cristo morreu por mim. Não há nada mais claro do que isto. Se eu não fosse injusto a morte de Cristo de nada me aproveitaria, mas visto que sou injusto é divinamente apropriada e destinada à minha alma. Se eu estiver ocupado comigo próprio ou com alguma coisa a meu respeito é evidente que não tenho feito inteira aplicação espiritual de Levítico 13:12 -13. É porque não tenho recorrido ao Cordeiro de Deus tal como sou. Quando a Lepra cobria o leproso desde a cabeça aos pés, então, e só então, ele estava em verdadeira posição para a graça. "Então o sacerdote examinará, e eis que, se a Lepra tem coberto toda a sua carne, então declarará limpo o que tem a mancha: todo se tornou branco: limpo está". Preciosa verdade! "Onde o pecado abundou, superabundou a graça". Enquanto nos parecer que há em nós alguma coisa que não está afetada pela terrível enfermidade, não deixamos de nos atribuir algum mérito. É só quando a nossa verdadeira condição se nos torna evidente que realmente compreendemos o que significa salvação pela graça.


Autor: C. H. Mackintosh, extraído dos estudos sobre o livro de Levítico, 1978, 2ª edição.

quarta-feira, 1 de abril de 2020

O isolamento do leproso


Escrevi no post anterior, que durante o período em que estive sob suspeita de Coronavírus no hospital pude ter uma noção do que sentia um leproso nos tempos do Antigo Testamento. Foi um exagero da minha parte, para ilustrar a ideia do perigo de contágio iminente da doença que eu podia estar carregando em mim e o isolamento forçado. É interessante notar que, segundo a Bíblia, o isolamento era requerido do leproso, já devida e cuidadosamente avaliado pelo sacerdote como tal, para que não contaminasse o resto da congregação de Israel. Não era a congregação quem tinha que se isolar. 


Hoje lembrei de um livro muito precioso que li, contendo reflexões do livro de Levítico sobre o leproso. Achei que valia a pena compartilhar:

A Lei do Leproso

Duas coisas requeriam a solicitude e vigilância do sacerdote, a saber: a pureza da congregação e a graça que não podia admitir a exclusão de qualquer membro, salvo por motivos claramente determinados. A santidade não podia permitir que continuasse dentro da assembleia qualquer pessoa que devesse ser excluída; e, por outra parte, a graça não podia permitir que estivesse fora quem devia estar dentro dela. Por isso, o sacerdote tinha a mais instante necessidade de ser vigilante, calmo, sensato, paciente, terno e muito experiente. Certos sintomas podiam parecer de pouca importância, quando, na realidade, eram muito graves; outros podiam parecer Lepra, sem o ser. Era preciso a maior atenção e sangue-frio. Um juízo precipitado ou uma conclusão demasiado apressada podiam conduzir a sérias consequências, quer para a congregação quer para qualquer dos seus membros.

Isto explica a repetição frequente de frases como estas: "O sacerdote examinará" — "O sacerdote encerrará o que tem a praga por sete dias" — "O sacerdote ao sétimo dia o examinará" — "O sacerdote o encerrará segunda vez por sete dias" — "O sacerdote «ao sétimo dia, o examinará outra vez" — "E o sacerdote o examinará" — "Então o sacerdote o declarará por limpo". Nenhum caso devia ser julgado ou decidido precipitadamente. Não se devia formar uma opinião por ouvir dizer. O exame pessoal, discernimento sacerdotal, tranquila reflexão, estrita adesão à Palavra escrita — o guia santo e infalível —, todas estas coisas eram formalmente requeridas do sacerdote, se queria fazer um juízo reto de cada caso. Em todas as coisas ele não devia deixar-se guiar pelos seus próprios pensamentos, sentimentos ou sabedoria. A Palavra de Deus continha instruções minuciosas, estabelecidas para se submeter a elas. Cada pormenor, cada característica, cada movimento, cada variação, cada sombra e caráter, cada sintoma particular e cada afeição — tudo estava ampla e divinamente previsto; de sorte que bastava que o sacerdote conhecesse bem a Palavra de Deus e se conformasse com ela em todas as coisas para evitar erros. Já dissemos o bastante quanto ao sacerdote e suas santas responsabilidades.

A Lepra

Consideremos agora a praga da Lepra e o seu desenvolvimento numa pessoa, no vestuário ou na habitação. Considerando esta doença sob o ponto de vista físico, nada pode ser mais asqueroso; e, sendo inteiramente incurável, oferece-nos um quadro vivo e aterrador do pecado — o pecado na natureza humana —, o pecado nas nossas circunstâncias, o pecado na assembleia. Que lição para a alma no fato que uma enfermidade tão horrorosa e humilhante seja empregada como figura do mal moral, quer seja num membro da assembleia de Deus, quer nas circunstâncias de qualquer membro ou na própria assembleia.

A Lepra num Homem 


Primeiramente, quanto à Lepra num indivíduo; ou, por outras palavras, quanto à ação do mal moral ou do que poderia parecer mal em qualquer membro da assembleia. Isto é um assunto grave e de séria importância — um assunto que requer a máxima vigilância e solicitude por parte dos que desejam o bem das almas e a glória de Deus, relacionada com o bem-estar e a pureza da Assembleia como corpo e de cada membro em particular.

Convém observar que, embora os princípios gerais da Lepra e a sua purificação se apliquem, em sentido secundário, a todo o pecador; todavia, nas passagens da Escritura, que estamos analisando, o assunto é apresentado em relação com aqueles que eram reconhecidos como povo de Deus. A pessoa que aqui vemos sujeitar-se ao exame do sacerdote é um membro da assembleia de Deus. É conveniente compreender isto. A assembleia de Deus deve manter-se pura porque é Sua habitação. Nenhum leproso podia ser autorizado a permanecer no recinto sagrado de habitação do Senhor.

A Responsabilidade do Sacerdote

Mas observe-se o cuidado, a vigilância, a perfeita paciência recomendada ao sacerdote para evitar que se considerasse como Lepra o que não o era ou que aquilo que na realidade era Lepra pudesse escapar à sua atenção. Muitas afecções podiam aparecer "na pele" — o lugar para manifestações da Lepra — "semelhantes à praga da Lepra", as quais, depois de uma paciente investigação do sacerdote, se verificava serem apenas superficiais. Isto requeria muita atenção. Qualquer mancha podia aparecer na superfície da pele, a qual, ainda que requeresse ser examinada por aquele que atuava por Deus, não era, na realidade, mancha. E, contudo, o que parecia ser apenas uma mancha superficial podia ser alguma coisa mais profunda do que a pele, alguma coisa interna, que afetasse os elementos ocultos do organismo. Tudo isto requeria a maior atenção por parte do sacerdote (veja-se os versículos 2-11). Uma simples negligência, um ligeiro descuido, podiam ter graves consequências. Podiam ocasionar a contaminação da assembleia devido à presença da pessoa declarada leprosa ou a expulsão, por qualquer mancha apenas superficial, de um verdadeiro membro do Israel de Deus.

Ora, em tudo isto há um fundamento precioso de instrução para o povo de Deus. Existe uma diferença entre a enfermidade pessoal e a energia positiva do mal — entre meros defeitos e imperfeições da consulta e a atividade do pecado nos membros. Sem dúvida, importa velar sobre as nossas fraquezas; pois se não vigiarmos, se não as julgarmos e não nos guardarmos delas podem tornar-se na fonte de um mal positivo (veja-se versículos 14 a 28). Tudo que procede da nossa natureza deve ser julgado e mortificado. Não devemos ser indulgentes para com as fraquezas pessoais em nós próprios, ainda que devamos ser indulgentes para com as dos nossos semelhantes. Tomemos por exemplo o caso de um temperamento irascível. É um caso que devemos condenar em nós próprios, embora devamos tolerá-lo nos nossos semelhantes. A semelhança da "inchação do apostema", no caso de um israelita (versículos 19-20), pode chegar a ser causa de verdadeiro contágio — motivo para exclusão da assembleia. Toda a forma de fraqueza deve ser vigiada, não seja o caso de se tornar ocasião de pecado.

Uma "cabeça calva" não era Lepra, mas era onde a Lepra podia declarar-se, e, por isso, tinha de ser vigiada. Há mil e uma coisas que, em si mesmas, não são pecaminosas, mas que podem chegar a ser ocasião de pecado se não se exercer sobre elas vigilância. E não se trata somente do que, no nosso parecer, pode ser designado por defeitos ou fraquezas pessoais, mas até de coisas em que os nossos corações estão dispostos a gloriar-se. A agudez do gênio, o bom humor e a vivacidade de espírito, podem chegar a ser fonte e centro de contaminação. Cada pessoa tem uma ou outra tendência de que deve guardar-se — alguma coisa que o obriga a estar sempre em guarda. Quão ditosos somos nós, pois temos um Pai carinhoso a quem podemos expor todas estas coisas! Confiados no amor indulgente e infatigável, temos o precioso privilégio de poder entrar sempre na Sua presença para Lhe contar tudo que pesa sobre o coração e obter graça para sermos ajudados em todas as nossas necessidades e obter vitória sobre todo o mal. Não há motivos para desanimar enquanto vemos sobre a porta da tesouraria de nosso Pai esta inscrição: "Ele dá maior graça". Preciosa inscrição! O seu valor não tem limites: é incalculável, é infinito

A Praga da Lepra 


Vejamos agora como se procedia em cada caso em que a praga da Lepra era indiscutível e claramente determinada. O Deus de Israel podia tolerar as enfermidades e os defeitos, mas a partir do momento em que a enfermidade se tornava um caso de corrupção, ou fosse na cabeça, na barba, na testa ou em qualquer outra parte do corpo, não podia ser tolerada na santa congregação. "Também as vestes do leproso, em quem está a praga, serão rasgados, e a sua cabeça será descoberta, e cobrirá o beiço superior e clamará: Imundo, imundo! Todos os dias em que a praga estiver nele, será imundo; imundo está, habitará só; a sua habitação será fora do arraial" (versículos 45 - 46). Descreve-se aqui a condição, ocupação e o lugar do leproso. Os vestidos rasgados, a cabeça descoberta, o lábio superior coberto e gritando: Imundo, imundo! E tendo de morar fora do arraial na solidão do deserto vasto e terrível! Que podia haver de mais humilhante e deprimente do que isto? "Habitará só" Era impróprio estar em comunhão ou ter a companhia do seu povo. Era excluído do único lugar, em todo o mundo, onde se conhecia e gozava a presença do Senhor.

Prezado leitor, contemple neste pobre e solitário leproso o tipo expressivo da pessoa em quem o pecado opera. É este realmente o seu significado. Não é, como veremos imediatamente, um pecador perdido, arruinado, culpado e convicto, cuja culpa e miséria são manifestos, e, portanto, objetivo próprio para o amor de Deus e o sangue de Cristo. Não; no leproso excluído vemos uma pessoa em que o pecado está atuando — uma pessoa em quem está a energia do mal. É isto que mancha, exclui e priva do gozo da presença divina e da comunhão dos santos. Enquanto o pecado operar não pode haver comunhão com Deus ou com o Seu povo. "Habitará só; a sua habitação será fora do arraial". Até quando? "Todos os dias em que a praga estiver nele". Há aqui uma grande verdade prática. A atividade do mal é o golpe de morte da comunhão. Pode haver aparências exteriores, puro formalismo, fria profissão, mas não pode haver nenhuma comunhão enquanto o mal continuar a atuar. Não importa qual seja o caráter do mal ou a sua importância, ainda que seja insignificante ou apenas um mau pensamento, enquanto continuar a atuar impedirá ou causará a suspensão da comunhão. E quando se forma a empola, quando surge à superfície, quando se descobre inteiramente, que pode combater-se e tirá-lo pela graça de Deus e pelo sangue do Cordeiro.

Completamente Coberto de Lepra

Isto leva-nos a um ponto muito interessante em relação com o leproso — um ponto que parecerá um paradoxo para todos os que não compreendem a maneira como Deus opera para com os pecadores. "E, se a Lepra florescer de todo na pele e a Lepra cobrir toda a pele do que tem a praga, desde a sua cabeça até aos seus pés, quanto podem ver os olhos do sacerdote, então, o sacerdote examinará, e eis que, se a Lepra tem coberto toda a sua carne, então, declarará limpo o que tem a mancha: todo se tornou branco; limpo está" (capítulo 13:12 - 13). Desde o momento em que o pecador ocupa o seu verdadeiro lugar perante Deus, todo o problema do seu pecado é resolvido. Desde que manifeste o seu verdadeiro caráter, desaparecem todas as dificuldades.

Talvez tenha de passar por experiências difíceis antes de chegar a este ponto — experiências resultantes de se recusar a ocupar o seu verdadeiro lugar, ou seja, confessar "toda a verdade" sobre a sua pessoa. Porém desde o momento em que ele se decide a dizer, de todo o seu coração, "tal como sou" a graça de Deus se derrama sobre ele. "Enquanto eu me calei, envelheceram os meus ossos pelo meu bramido em todo o dia. Porque de dia e de noite a tua mão pesava sobre mim; o meu humor se tornou em sequidão de estio"(Sl 32:3-4). Quanto tempo durou esta penosa experiência? Até que toda a verdade se descobriu. "Confessei-te o meu pecado e a minha maldade não encobri; dizia eu: Confessarei ao SENHOR as minhas transgressões; e tu perdoaste a maldade do meu pecado" (versículo 5).

É interessantíssimo reparar na maneira como Deus trata progressivamente com o leproso, desde o momento em que os primeiros sintomas fazem surgir a suspeita de enfermidade até que esta se estende a todo o corpo, "desde o alto da cabeça à planta do pé". Não havia pressa nem indiferença. Deus entra sempre no lugar do julgamento com passo lento e bem calculado; mas depois de haver entrado tem de agir segundo os direitos da Sua natureza. Pode examinar com paciência; pode esperar "sete dias"; e se há a mínima mudança nos sintomas pode esperar outros "sete dias"; mas desde o momento em que se verifica positivamente a ação da Lepra, não pode haver mais tolerância. "Fora do arraial será a sua habitação". Até quando? Até que a enfermidade se haja manifestado inteiramente à superfície. "Se a Lepra tem coberto toda a sua carne, então será declarado limpo". É um ponto precioso e muito interessante. A menor mancha de Lepra era intolerável aos olhos de Deus; e, contudo, quando o homem estava completamente atacado por ela, desde a cabeça aos pés, então, era declarado limpo — quer dizer, era assunto apropriado para a graça de Deus e o sangue da expiação.

Da Perdição à Glória

Aqui termina o relato das disposições do Senhor sobre o leproso; e oh, que maravilhoso relato! Que exposição da hediondez do pecado, da graça e santidade de Deus, da preciosidade da Pessoa de Cristo e a eficácia da Sua obra! Nada pode ser mais interessante do que observar os rasgos da graça divina saindo do recinto sagrado do santuário para ir ao lugar imundo, onde, de cabeça descoberta, embuçado e com as vestes rasgadas, se encontrava o leproso. Deus procurava o leproso onde ele estava; mas não o deixava ali.

Manifestava-se pronto a cumprir uma obra em virtude da qual podia conduzir o leproso a um lugar mais elevado e a uma comunhão mais íntima do que ele jamais havia conhecido. Em virtude desta obra, o leproso era conduzido do seu lugar de imundície e solidão para a própria porta do tabernáculo da congregação, o lugar dos sacerdotes, para ali gozar dos privilégios sacerdotais (compare-se Êxodo 29:20, 21, 32). Como poderia elevar-se a tal posição? Por si mesmo era impossível. Por muito que pudesse fazer, teria definhado e morrido na sua Lepra, se a graça soberana do Deus de Israel não tivesse descido sobre ele para o elevar do lugar imundo até o colocar entre os príncipes do Seu povo.

Se alguma vez existiu um caso em que a questão dos esforços humanos, dos méritos humanos e da justiça humana, pôde ser plenamente provada e arrumada para sempre, é incontestavelmente o caso do leproso. Seria uma lamentável perda de tempo discutir tal questão em presença de um caso semelhante. Deve ser evidente, até mesmo para o leitor mais superficial, que nada senão a graça divina, reinando pela justiça, podia ir ao encontro das condições e necessidades do leproso. E de que maneira gloriosa e triunfante opera a graça de Deus! Desce às maiores profundidades a fim de elevar o leproso às maiores alturas. Vede o que o leproso perdeu e o que ganhou! Perdeu tudo o que pertencia à natureza e ganhou o sangue da expiação e a graça do Espírito — simbolicamente falando. Em boa verdade, os seus ganhos eram incalculáveis. Se nunca tivesse sido posto fora do arraial, nunca teria alcançado tão infinita riqueza. Tal é a graça de Deus! Tal é o poder e o valor, a virtude e a eficácia do sangue do Senhor Jesus!

Como tudo isto nos recorda forçosamente o filho pródigo, em Lucas 15! Nele a Lepra havia também alastrado e surgido à superfície. Havia estado longe num lugar imundo, onde os seus próprios pecados e o intenso egoísmo dos habitantes da terra longínqua tinham criado uma situação de solidão em redor de si. Mas, bendito seja para sempre o profundo e terno amor do Pai, sabemos como tudo acabou: o pródigo encontrou uma nova posição mais elevada e entrou numa comunhão mais íntima do que antes conhecera. Nunca antes se tinha morto um "bezerro cevado" para ele. Nunca se lhe havia vestido "o melhor vestido". E a que devia tal distinção? Seria devido aos méritos do pródigo? Oh, não; era simplesmente devido ao amor do Pai.

Prezado leitor, permita que lhe faça esta pergunta: pode debruçar-se sobre o relato do procedimento de Deus para com o leproso, em Levítico 14, ou da conduta do Pai para com o pródigo, em Lucas 15, sem sentir intensamente o amor que existe em Deus? Esse amor que se manifesta na Pessoa e obra de Cristo, que é relatado nas Escrituras Sagradas e derramado sobre o coração do crente pelo Espírito Santo? Que o Senhor nos dê uma comunhão mais íntima e constante consigo mesmo! 


Autor: C. H. Mackintosh, extraído dos estudos sobre o livro de Levítico, 1978, 2ª edição.

terça-feira, 31 de março de 2020

Não tenhais medo


E, aproximando-se Jesus, tocou-lhes e disse: Levantai-vos, e não tenhais medo. Mateus 17:7

Depois de três semanas tossindo, eis que fui passar alguns dias da minha quarentena internada num hospital. Lá fiz o tão temido teste Covid-19, que é feito coletando secreção do nariz e garganta. Também testaram o Influenza A (aquele outro vírus bem mais danadinho!) e B. Negativo para todos!

O teste do Coronavírus demorou 48hs para sair o resultado. Até o teste sair, tive uma ideia do que seria um leproso nos dias do Velho Testamento! A equipe de limpeza e que servia a refeição, particularmente, mesmo trabalhando em hospital com infectados por tudo quanto é vírus e bactérias, eram os mais assustados e em pânico. Mal me olhavam, e mesmo entrando encapuzados com máscara, touca, luva, avental – que deveriam deixar na lixeira do quarto antes de sair – eles sentiam medo. Curioso.

Eu não tive medo de testar positivo. Apavorados estavam muitos ao meu redor e, por causa deles dou graças a Deus pelo resultado negativo. Olha a loucura: prefiro continuar doente e me tratando da Pneumonia que estar com Coronavírus, cujo um dos sintomas para os casos que complica é exatamente Pneumonia! Ou seja, ficaria elas por elas. Ah, mas o vírus é mais letal, dizem. Há controvérsias, mas não sou médica nem youtuber sabichão, então não vou opinar. O fato é que pessoas estão se curando do vírus, e isto é o que importa.

Escrevi no post anterior que este isolamento social está mais fácil por causa da internet. Começo a reconsiderar minha opinião... Particularmente as redes sociais estão tão nocivas quanto a TV. Possivelmente aquela equipe do hospital assistiu muita TV ou ficou muito no Facebook. Nesses ambientes virtuais reina o medo, a raiva, a ira, a histeria, o pânico. O que não ajuda, e ainda atrapalha.

Estresse e raiva baixam a imunidade. Li um dia que pela neurolinguística tosse significa raiva contida na garganta sem poder confessar, por sentir que sua opinião não tem valor; é um sintoma psicossomático. A pneumonia é puro desespero, já é o fim da linha para quem carrega a tosse (raiva e sentimento de inutilidade) por muito tempo. Esse blog fala de fé e não de ciência, não vou entrar no mérito sobre a veracidade das definições, digo apenas que coincidem com a realidade da minha experiência. Dito isto, é preocupante o cenário de tanta fúria nas redes sociais, e tantas desavenças na TV, enfraquecendo a imunidade das pessoas, diante de um vírus que ataca exatamente as funções prejudicadas pelo ambiente. E isto no mundo todo!

Por outro lado, estou certa de que a medida de todos os acontecimentos está nas mãos de Deus. Jó não leu os primeiros capítulos do livro que narra sua vida, onde o Diabo contendia com Deus para o derrubar. Nós também não vemos os bastidores. Quem está em derredor querendo dizimar nações (de fato?) com um vírus? ou quem está movendo pessoas, para, aproveitando-se do vírus, aumentar a fome, o desemprego, e tantas outras coisas ruins que podem ser causadas pelo isolamento forçado e proibição de liberdades individuais?

Sujeitar-se às autoridades é dever. Se o presidente disser A, faça A, mas se o Governador do seu estado disser B, faça B, e se o Prefeito do seu município disser C, siga, e por aí vai. Simples assim! eles podem se contradizer, e nós temos que obedecer desde que não contrarie a Palavra de Deus. Concordar com as medidas, são outros quinhentos!

Eu aprendi a conviver com a ameaça de morte iminente no primeiro passo que eu desse na rua. Meu isolamento passado (que também citei no post anterior) foi forçado exatamente por esta premissa: se ela sair na rua sozinha, vai ter uma crise e vai morrer atropelada, ou cair e bater a cabeça e morrer. Trágico não? Meu argumento, vão, era o clichê: para morrer basta estar vivo, cair e bater a cabeça pode acontecer em casa. E existe uma infinidade de causa mortis possíveis dentro de casa, inclusive pneumonias, ataque do coração, AVC, queda, suicídio etc. Acrescenta aí o Coronavírus, que pode pegar uma carona na moto do rapaz do IFood e chegar até nós em casa. Continuo confiando em Deus, que me fez sair do isolamento anterior, tomando todo o cuidado possível.

Ninguém precisa sair por aí, valentão, sem tomar as medidas sanitárias cabíveis e dizendo que “praga nenhuma chegará a tua tenta”. E Jesus, respondendo, disse-lhe: Dito está: Não tentarás ao Senhor teu Deus. Lucas 4:12. Siga as orientações, os cuidados necessários, fique alerta, vírus e bactérias são velhos conhecidos, esse aí é só um que em breve vai ser só mais uma causa de doença dentre tantas. Para quem está proibido de sair de casa, as recomendações são a mesma. Acrescentaria apenas, algo que optei por fazer: reduzir visita às redes sociais, passar longe da TV ou Rádio, particularmente quando o assunto for Coronavírus, e voltar-se para o Senhor Jesus, e toda a riqueza da sua Palavra! Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra; Colossenses 3:2. Se você não é cristão, e acha impraticável o último conselho, aproveite o ócio e pense: se o Covid-19 dizimar toda a humanidade, para onde iria a sua alma? A alma é imortal, o destino eterno é que muda. Já pensou sobre isso?

Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. João 3:16

segunda-feira, 23 de março de 2020

Quarentena


Estou aqui em casa, em quarentena imposta, como muitos pelo mundo afora. Em toda minha vida, nunca testemunhei um isolamento coletivo envolvendo países de vários continentes. E olha que há não muito tempo, ali em 2009, tivemos o surto do vírus Influenza H1N1, bem semelhante ao Coronavírus, embora, aparentemente mais letal que o atual Covid-19. Estou na prática no 4º dia de afastamento social, inclusive do trabalho, por doença respiratória pré-existente, que me torna vulnerável ao tal do Coronavírus.

Esse período e os hábitos diários relacionados ao isolamento é muito familiar. Como já escrevi outras vezes aqui, na adolescência tive Epilepsia, e isso por vários motivos e decisões alheias à minha vontade, me fez ficar longos oito anos da vida em afastamento social. Numa época em que não tinha acesso à internet, nem redes sociais. Eu não era proibida por um governo de sair de casa, mas por várias outras pessoas, e até pela minha própria cabeça, que mal conseguia atravessar a rua correndo para sentir a sensação. Foi uma fase difícil.

Hoje é muito mais fácil. Dá para ficar em casa e conversar com o colega que está em outra casa, outra cidade, outro país. Dá para fazer uma compra na Internet, dá para se entreter com a internet, perceber que a TV está forçando um pouco a barra com as informações passadas... e dá para ficar em casa, de boa, escrevendo, como fiz a maior parte do meu isolamento passado. Hábito adquirido e nunca abandonado!

Escrevi aqui num post chamado Eu perdi o mundo para ganhar vida, que Deus me tirou do mundo naquele período. Teu poder foi me aperfeiçoando na minha fraqueza, na minha solidão, minha tristeza e desespero cada vez que eu ficava olhando as pessoas na rua, esperando passar um rosto conhecido! Ali quando nenhuma ação minha alcançava qualquer resultado, Deus me ensinou que confiar o controle de nossas vidas à Ele, é a melhor das escolhas!

Ele está no controle! Deus disse a Jó: “Quem primeiro me deu, para que eu haja de retribuir-lhe? Pois o que está debaixo de todos os céus é meu.” Jó 41:11. Jó passou por fortes aflições, econômicas, familiares e físicas e absolutamente nada saiu do controle de Deus ou ficou sem justa retribuição. Assim como eu, apesar de sentir ainda hoje os efeitos negativos daquele isolamento: baixa imunidade (sim o isolamento abaixa a imunidade ao invés de fortalecer, o que gera força é justamente o contato com vírus e bactérias por meio de contato social e vacinas); falta de malícia em muitas circunstâncias, dificuldade de comunicação verbal, tudo isso é pouca coisa diante do grande benefício que tive pelo contato com a Palavra de Deus nessa fase da minha vida.

Já disse, poderia ter sido diferente? Sim. Mas Deus permitiu que assim fosse. Hoje fico muito mais tranquila nesse novo isolamento, porque mais pessoas estão engajadas involuntariamente na quarentena, e percebo em ambientes próximos pessoas levadas à Bíblia pelo medo, pela insegurança, pelo sentimento de incapacidade. E a palavra de Deus é poderosa para converter muitas almas, das mais insubmissas possíveis. Eu mesmo, me converti ouvindo a pregação de um padre católico. Porque não importa o pregador, importa a palavra proferida!"E Jesus lhe disse: Não o proibais, porque quem não é contra nós é por nós". Lucas 9:50. Imagine os efeitos disto em escala mundial?

Nas redes sociais vejo críticas as pessoas que recorrem a Deus ou a Bíblia neste momento de apreensão e medo. Não vejo problema nenhum! Antes chegar a Deus por medo e receber a salvação, que usar toda sua coragem humana e rebeldia para receber a perdição eterna, sem nem precisar contrair o Coronavírus! Muitas vidas estão sendo ceifadas pelo novo vírus somados às doenças pré-existentes, sim. Mas quantas delas são vidas já preciosas e salvas por Deus? Não devemos ter mais medo daquilo que mata o corpo que aquilo que mata a alma: "E não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo". Mateus 10:28

Oremos por todos os governantes, federais, estaduais, municipais, dirigentes internacionais e monarcas. Aqueles que estiverem tomando decisões acertadas serão recompensados, aqueles que estão com má-fé também. Nenhuma das decisões está fora do controle de Deus, e de Nosso Senhor Jesus. Não há motivos para pânico. Tenhamos cuidado, higiene, obediência as autoridades. E guardemos a esperança que tudo vai acabar bem.

Admoesto-te, pois, antes de tudo, que se façam deprecações, orações, intercessões, e ações de graças, por todos os homens;
Pelos reis, e por todos os que estão em eminência, para que tenhamos uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e honestidade;

Porque isto é bom e agradável diante de Deus nosso Salvador,

Que quer que todos os homens sejam salvos, e venham ao conhecimento da verdade.

Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem.  1 Timóteo 2:1-5

Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo. João 16:33

E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus. Romanos 12:2