domingo, 12 de abril de 2020

Pensamentos Perversos


No início deste mês saiu uma notícia dizendo que o Presidente das Filipinas mandou a polícia atirar para matar quem descumprisse regras de isolamento devido ao Coronavírus. Li alguns relatos escandalizados com a notícia, eu mesma não vi lógica no raciocínio, afinal, se o isolamento é para – supostamente – salvar vidas, por que matar à tiros tem primazia contra o contágio do vírus, que por si só é letal para a minoria dos contaminados? Quando é que ir e vir foi constituído crime para justificar ação de polícia seja para matar, seja para prender? E não está faltando muito para que a pretensão do presidente das Filipinas chegue ao Brasil. Caiu nas graças de muitos a ideia de colocar na conta do vírus a justificativa para extravasar sentimentos bem autoritários e, por que não dizer, cruéis.

Citei muitas vezes aqui a obediência às autoridades, e as mantenho. Mas acredito que cabe uma ressalva nesta situação. Como escreveu Mario Persona: “um policial ou soldado cristão deve buscar a orientação de Deus de como agir. Veja o caso dos alemães durante a 2a. Guerra. Obviamente eles estavam sob uma autoridade superior, mas essa autoridade ordenava que matassem judeus e ciganos inocentes, não por terem praticado algum crime, mas simplesmente por serem de outras etnias. Neste caso um cristão devia obedecer primeiro a Deus do que aos homens. Não deveria se sujeitar às ordens de Hitler, embora isso provavelmente lhe custasse a própria vida”.

Há quem possa dizer que não é inocente quem rompe o isolamento, pois está se colocando em risco, e podendo ao se contaminar, transmitir o vírus para outras pessoas. Sendo assim não são inocentes jornalistas, motoboys, farmacêuticos e todas as pessoas que estão trabalhando nos chamados serviços essenciais. Diriam ainda: mas estes estão autorizados! E o risco de contaminação, por acaso, não é o mesmo? E se não há crime, não há inocentes ou culpados! Ao menos no Brasil, no que diz respeito à lei de enfrentamento ao Covid-19 temos:

Art. 2º Para fins do disposto nesta Lei (13.979 de 06/02/2020), considera-se:
I - isolamento: separação de pessoas doentes ou contaminadas, ou de bagagens, meios de transporte, mercadorias ou encomendas postais afetadas, de outros, de maneira a evitar a contaminação ou a propagação do coronavírus; e 
 
II - quarentena: restrição de atividades ou separação de pessoas suspeitas de contaminação das pessoas que não estejam doentes, ou de bagagens, contêineres, animais, meios de transporte ou mercadorias suspeitos de contaminação, de maneira a evitar a possível contaminação ou a propagação do coronavírus.
Não há na lei federal fundamento que impeça o direito de ir e vir geral, são situações específicas. Existem outros critérios na lei, mas não vem ao caso nesse post. O objetivo é outro: faz sentido, nesse contexto, matar para evitar mortes? Não se trata nem de justiça com as próprias mãos. É suposto justo que a polícia possa matar quem põe em risco a vida de terceiros simplesmente ao se locomover e em hipótese aumentar o contágio, ao passo que se supõe igualmente justo, soltar da prisão pessoas que por lei foram responsabilizadas por crimes - inclusive homícidios e estupros - para que não se contaminem no isolamento social da cadeia! Não parece óbvio a corrupção dos valores? O real problema não é social é espiritual. Sem um princípio condutor seguro, as pessoas são levadas por todo tipo de opinião que pareça correto aos seus próprios olhos, que por natureza é cega aos princípios de Deus desde que o pecado entrou no mundo.

As perspectivas das pessoas em plena pandemia está muito curta. Que diferença faz morrer de Coronavírus ou “morte natural”, se na prática toda morte é resultado de uma única coisa: o pecado? "Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor". Romanos 6:23. Devemos por isso descuidar da saúde, da higiene e dos hábitos alimentares, por que o que importa é o céu? De maneira nenhuma, mas qual importa mais? O que se passa no coração de quem concorda em abater um sujeito a tiros por simplesmente circular pela rua em tempos de pandemia? O que mais se vê são pessoas desejando a morte dos rebeldes da quarentena. O que faz dos obedientes mais dignos que os rebeldes, se na prática, tanto uns quanto os outros terão o mesmo destino se não tiverem fé nAquele que pagou pelos seus pecados na cruz? O que tem por traz desse tipo de sentimento? Será que já não há um mal muito mais nocivo que Covid-19 corroendo o coração e a alma das pessoas e que as circunstâncias só estão ajudando a trazer à luz? Como está o teu coração nesta quarentena?

Estas seis coisas o Senhor odeia, e a sétima a sua alma abomina:
Olhos altivos, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente, 
O coração que maquina pensamentos perversos, pés que se apressam a correr para o mal,
A testemunha falsa que profere mentiras, e o que semeia contendas entre irmãos.

Provérbios 6:16-19

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