quinta-feira, 2 de abril de 2020

Completamente Perdido


Cristo Consumou Tudo!

Assim sucede, em todos os casos, com o pecador. "Deus é tão puro de olhos, que não pode ver o mal, e a vexação não pode contemplar" (He 1:13); e contudo, desde o momento em que um pecador toma o seu verdadeiro lugar, como aquele que está completamente perdido, culpado e arruinado — não tendo um único ponto em que o olhar da Santidade Divina possa fixar-se com complacência — como um ser tão mau que não pode ser pior, toda a questão é pronta e divinamente solucionada. A graça de Deus é para os pecadores; se eu reconheço que sou pecador, sei que sou um daqueles que Cristo veio salvar. Quanto mais claramente alguém me demonstra que sou um pecador, mais claramente me prova o meu direito ao amor de Deus e à obra de Cristo. "Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus" (1 Pe 3:18). Logo, se eu sou "injusto", sou um daqueles por quem Cristo morreu e tenho direito a todos os benefícios resultantes da Sua morte. “Na verdade, não há homem justo sobre a terra", e, visto que eu estou "sobre a terra" é evidente que sou "injusto"; é também evidente que Cristo morreu por mim — que sofreu pelos meus pecados.

Portanto, visto que Cristo morreu por mim, possuo o feliz privilégio de entrar no gozo imediato dos frutos do Seu sacrifício. Isto é tão claro quanto o pode ser. Não requer esforço algum para ser compreendido. Não se me exige que seja senão o que sou. Não sou chamado para sentir, experimentar ou realizar qualquer coisa por mim mesmo. A Palavra de Deus assegura-me que Cristo morreu por mim tal como sou, e se Ele morreu por mim eu estou tão seguro como Ele Próprio está. Não existe nada contra mim. Cristo satisfez toda a justiça divina. Não só sofreu por causa dos meus "pecados", mas para tirar o pecado. Aboliu todo o sistema em que, na qualidade de filho de Adão, eu me encontrava, e colocou-me numa nova posição, associado com Ele Próprio, e ali estou, diante de Deus, livre de toda a imputação de culpa e do temor do juízo divino.

Como posso saber que o Seu sangue foi derramado por mim? Pelas Escrituras. Fonte bendita, segura e eterna de conhecimento! Cristo sofreu por causa dos pecados. Eu tenho pecados. Cristo morreu, "o justo pelos injustos". Eu sou injusto. Portanto, a morte de Cristo diz-me respeito tão clara e completamente como seu eu fosse o único pecador da terra. Não é uma questão de eu me apropriar da morte de Cristo ou da minha experiência. Muitas almas atormentam-se com estas ideias. Quantas vezes ouvimos expressões como estas: "Oh! eu creio que Cristo morreu pelos pecadores, mas não sinto que os meus pecados estão perdoados. Não posso aplicar o perdão a mim próprio, não posso apropriar-me dele nem experimentar os benefícios da morte de Cristo". Tudo isto vem do ego e não de Cristo. É sentimento e não conhecimento da Escritura.

Se examinarmos o santo volume do princípio ao fim não encontraremos uma só palavra que nos fale em sermos salvos por compreensão, experiência ou apropriação. O evangelho adapta-se por si a todos os que reconhecem estar perdidos. Cristo morreu pelos pecadores. Isto é precisamente o que eu sou. Portanto, Ele morreu por mim. Como sei isso? Será porque o sinto? De modo nenhum. De que modo, pois? Pela Palavra de Deus. "Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras... foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras" (1 Co 15:3 - 4). Assim tudo se cumpre "segundo as Escrituras". Se fosse segundo os nossos sentimentos, seríamos muito infelizes, porque os nossos sentimentos não duram um dia; mas as Escrituras são sempre as mesmas. "Para sempre, ó Senhor, a tua palavra permanece no céu." "Engrandeceste a tua palavra acima de todo o teu nome." Sem dúvida, a experiência, o sentimento e o poder de compreensão são coisas muito agradáveis, mas se as colocarmos no lugar de Cristo, não as teremos, nem Cristo, que no-las dá. Se estou ocupado com Cristo, verei resultados; mas se ponho esses resultados em lugar de Cristo não aproveitarei os resultados e não terei a aprovação de Cristo.

Esta é a triste condição de milhares de pessoas. Em vez de descansarem sobre a autoridade imutável das "Escrituras", contemplam-se a si próprios, e, por isso, andam sempre indecisos e por consequência são infelizes. Um estado de dúvida é um estado de tortura. Mas como poderei libertar-me de dúvidas? Crendo simplesmente na autoridade divina das "Escrituras". De quem dão testemunho as Escrituras? De Cristo (Jo 5). Declaram que Cristo morreu por nossos pecados, e que ressuscitou para nossa justificação (Rm. 4). Isto resolve tudo. A mesmíssima autoridade que me diz que sou injusto, também me diz que Cristo morreu por mim. Não há nada mais claro do que isto. Se eu não fosse injusto a morte de Cristo de nada me aproveitaria, mas visto que sou injusto é divinamente apropriada e destinada à minha alma. Se eu estiver ocupado comigo próprio ou com alguma coisa a meu respeito é evidente que não tenho feito inteira aplicação espiritual de Levítico 13:12 -13. É porque não tenho recorrido ao Cordeiro de Deus tal como sou. Quando a Lepra cobria o leproso desde a cabeça aos pés, então, e só então, ele estava em verdadeira posição para a graça. "Então o sacerdote examinará, e eis que, se a Lepra tem coberto toda a sua carne, então declarará limpo o que tem a mancha: todo se tornou branco: limpo está". Preciosa verdade! "Onde o pecado abundou, superabundou a graça". Enquanto nos parecer que há em nós alguma coisa que não está afetada pela terrível enfermidade, não deixamos de nos atribuir algum mérito. É só quando a nossa verdadeira condição se nos torna evidente que realmente compreendemos o que significa salvação pela graça.


Autor: C. H. Mackintosh, extraído dos estudos sobre o livro de Levítico, 1978, 2ª edição.

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