segunda-feira, 17 de agosto de 2020

Por Acaso, Você já Adotou um Filho?



O caso da menina de 10 anos que, estuprada, engravidou do próprio tio, dividiu opiniões sobre o aborto. 

Defensores da vida, alegavam que o bebê poderia ser entregue para adoção. E a garota acolhida para tratamento psicológico. Os pró-aborto, colocavam a vida da garota grávida acima de tudo. Ela não teria condições físicas de carregar uma gestação, e ponto final.

Mas, olhando os comentários, prós e contras, uma coisa me fez refletir.

Adoção.

Ter filhos é um sonho antigo. Desde muito jovem, esteve nos meus planos. Já quis dois. Hoje eu até teria mais, embora não saiba se meus sonhos estão de acordo com os planos de Deus.

Como conciliar o desejo de ser mãe sem ter um marido?

Para a modernidade é até simples. Fazer filho é de fato muito fácil.

Mulheres – e crianças - engravidam sem querer, quando vítimas de estupradores malignos...

Há alguns anos rompi um noivado. Frustrada, vi meu sonho de me casar e construir uma família tradicional ir para o ralo. Então, fui pesquisar adoção por solteiros.

É uma opção legítima. Mas li relatos deprimentes. Filas intermináveis de espera. Um processo lento e moroso. Cheio de estigmas. Até para casais, quanto mais para uma solteira. Percebi que não tinha nenhum preparo psicológico, apenas muito amor para dar.

Existe uma demonização por mães que buscam adoção de recém-nascidos. Ao mesmo tempo em que lutam pelo aborto desses mesmos bebês. Será que existe alguma relação entre uma coisa e outra? Será que faz parte da mesma construção social, a ideia de rejeitar quem tenha o dom de acolher bebês enjeitados, para fomentar movimentos pró-aborto?

Naquele momento eu nem tinha predileção nenhuma por adoção de bebês.

E eu nem tinha opinião formada sobre aborto.

Contei numa série de posts aqui, a história de Rebecca. Uma ativista pró-vida, ela mesma fruto de um estupro. Depois de conhecê-la eliminei a única exceção de aborto que eu admitia. Sem nenhuma reflexão, só porque a lei não considera crime nesses casos. Mas a lei é só o ponto de vista do legislador, aprovado pelos demais.

Logo percebi que precisava mais para ser uma mãe de adoção do que eu precisaria para ser uma mãe normal. Se eu fosse vítima de um estupro e ficasse viva, sem nenhuma doença venérea, mas grávida, eu reduziria todo o processo...

É uma imagem horrível, não?

Se não for pelo amor, vai pela dor. A lei não favorece o amor.

A ideia de adoção não me fugiu de todo. A de ser mãe solteira, sim. Uma criança precisa de uma família sólida que a ajude na formação do seu caráter. Que zele por ela, e a proteja da maldade humana. Inclusive de parentes próximos, ou mesmo de nossa própria índole. Claro que é melhor ter uma mãe solo, do que um pai estuprador. Ou um pai solo, que uma mãe violenta ou negligente.

Talvez se a menina grávida tivesse sido adotada ainda bebê, ela pudesse hoje estar brincando de bonecas E não parindo um bebê morto, que afinal foi o que aconteceu. Sua gestação já estava de 30 semanas. Decidiram que ela não poderia passar pelo parto de um bebê vivo, para fazê-la parir um morto. A descrição do procedimento realizado é a mais bizarra possível.

Meu primeiro impulso me leva a pensar que eu adotaria essas duas crianças. A grávida e seu bebê...

Mas falar é fácil. Nada disso é permitido. A menina legalmente tem uma mãe responsável por ela. Quem não tinha ninguém zelando por ele, era o bebê. Sua alma está nos braços de Deus. Um Deus que acolhe os pequeninos.

"Por acaso, você já adotou uma criança?"

Foi uma pergunta jogada no ar, de uma defensora do aborto. Só nesse caso, dizia ela.

Não. Nunca adotei uma criança. E nunca passei nem perto de engravidar. O que não tira de mim o desejo de ser mãe. O que brotou de novidade nesse movimento pró-aborto 
do século, é a inclinação para adotar um recém-nascido. Se existe demanda por assassinatos de bebês, existe outra demanda para acolhimento deles. Se o problema é cuidar de um filho indesejado, tem quem cuide. É só procurar.

Uma criança gestando outra criança, pode parecer um caso à parte. Há opiniões de todo tipo. E nenhum debate vai mudar o triste fim dessas duas crianças.


"E se fosse sua filha?"

Seria um sinal de que eu falhei como mãe. Atingi o máximo da negligência. Mas, matar um dos inocentes talvez não fosse uma solução.  

Foram duas vítimas, de um mesmo criminoso, que quase não entra em nenhuma discussão. Podemos falar de pena de morte para o pedófilo estuprador? Ou a vida dele é mais importante?