terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

Controle de Natalidade


Fui a última filha que minha mãe teve. Depois do parto minha mãe passou pelo procedimento de laqueadura para que não tivesse mais filhos. Foi uma decisão tomada com 35 anos de idade, depois de 10 anos de casamento e quatro filhos. Sempre me pareceu uma decisão sensata, mas na última semana, no entanto, percebi que eu nunca tinha refletido sobre este procedimento antes. Duas circunstâncias completamente independentes trouxeram o tema para discussão.

A primeira foi uma situação em que uma colega grávida disse que o hospital “pela lei machista” exigiu assinatura do marido para autorizar o procedimento de laqueadura. A outra situação foi um vídeo em rede social de uma moça defendendo a pauta de esterilização para qualquer mulher que quiser evitar filhos sem distinção de idade ou experiência materna prévia.

No primeiro caso estranhei a exigência do hospital uma vez que a minha colega não era legalmente casada. Na segunda ocasião, diante de argumentos tão absurdos tive que ir até a lei ler o que ela realmente abordava e escrevi sobre o vídeo aqui. E o que de fato implica o procedimento de esterilização?

Para mim cristã, não vejo necessidade de uma restrição tão radical de filhos no cenário conjugal, entre marido e mulher. Talvez na época de minha mãe, onde as pílulas anticoncepcionais se não caras eram muito mais agressivas que atualmente e não existia nenhum outro método (DIU, Camisinhas, etc), muito talvez explicasse a necessidade de evitar filhos, principalmente para as famílias pobres ou classe média. Explica, mas não justifica. É uma mutilação muito severa, e quem garante que Deus não pretendia gerar mais filhos daquela relação segundo o seu propósito? E quem garante que Ele não seria capaz de fechar a madre da esposa (esterilizar) sem necessidade de nenhum procedimento cirúrgico? Filhos são frutos da vontade do homem, mas são herança de Deus

Eis que os filhos são herança do Senhor, e o fruto do ventre o seu galardão.

Como flechas na mão de um homem poderoso, assim são os filhos da mocidade.

Bem-aventurado o homem que enche deles a sua aljava; não serão confundidos, mas falarão com os seus inimigos à porta.

Salmos 127:3-5


Quantas mulheres querem ter filhos e não podem, são estéreis sem terem feito nenhum procedimento de automutilação? Quantos relatos bíblicos de mulheres que tiveram sua vergonha revertida milagrosamente e geraram filhos de sua esterilidade involuntária? Claro que estou falando de cristãos, num cenário onde a relação sexual é restrita a homens e mulheres casados e monogâmicos, onde a probabilidade numérica de filhos por casal não é muito grande considerando o período reprodutivo e fértil versus as possibilidades de controle de natalidade naturais ou artificiais hoje existentes, excluindo, é claro, a mutilação.

Infelizmente eu não tive a sorte da minha mãe que aos 35 anos já tinha quatro filhos. Eu bem repetiria a proeza, e quem sabe até dobraria a meta se tempo de vida fértil e saúde eu tivesse para tal e se eu fosse casada. Como já disse em outras ocasiões é fácil fazer filhos, a questão é que eu escolhi esperar para tê-los dentro dos valores e princípios que tenho. E todas as circunstâncias estão nas mãos de Deus.

Para quem não é cristão, hoje em dia, e não carregam os mesmos valores que eu, continuo achando um risco desnecessário, tendo em vista todas as alternativas contraceptivas existentes. Algumas pessoas argumentam que para a mulher que vai fazer uma cesariana, já está na mesa de cirurgia, pode aproveitar. É verdade, em partes. O procedimento é completamente diferente e as consequências também. Não conheço no meu círculo de conhecidas muitas mulheres que realizaram o procedimento, e nenhuma que tenha se arrependido, mas não é apenas uma questão do sentimento da mutilada. Sempre vejo pela perspectiva de Deus que tem poder inclusive sobre aqueles que não creem na sua misericórdia.

Se a proposta de estender a esterilização indistintamente da mulher ou homem já terem filhos, serem maiores de 25 anos ou estarem sobre risco de vida ou saúde, há a possibilidade de aumentar as doenças sexualmente transmissíveis, já que a camisinha, por exemplo não são exclusivos para evitar gravidez e a segurança de não engravidar tornará as pessoas mais inconsequentes quanto aos demais métodos. Não acho válido aumentar o contingente de pessoas cobertas pela lei para um procedimento tão agressivo por meras conveniências pessoais, sociais ou econômicas. A gravidez no que diz respeito à integridade física da mulher é evitável, e se ela acha que vale o risco de uma cirurgia para se esterilizar vale o risco da cirurgia do parto também, quando necessário. Aborto, por sua vez é uma questão que eu nem discuto sob nenhuma hipótese como escrevi aqui.

A esterilidade na bíblia é colocada no mesmo patamar que a sepultura:

A sepultura; a madre estéril; a terra que não se farta de água; e o fogo; nunca dizem: Basta! Provérbios 30:1

Uma sepultura carrega algo sem vida, a madre estéril não dá frutos, a enchente bem como o fogo destroem todo sinal de vida. São todos sinais de morte, de ausência de Deus, porque Deus dá vida ao mundo! É tão belo ver um bebê recém-nascido! Apesar de todas as dificuldades, Deus cuida de cada pequenino mal gerado por aí, nascidos da inconsequência dos seus pais, e que nem por isso são capazes de tornar a tua vida desde o primeiro segundo de gestação menos preciosa aos olhos de Deus! 


Não, não vale a pena!

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