sábado, 8 de fevereiro de 2020

Centro do Mundo

Imagem cedida por Maurício Alcebíades

Já ouviram falar da síndrome do centro do mundo? Ou daquelas pessoas focadas no próprio umbigo que acham que tudo gira em torno de si ou das coisas nas quais ela acredita? Quando eu era adolescente eu tive uns lapsos disto, mas eram lapsos mesmo, pois as circunstâncias negavam o tempo todo que qualquer coisa ou pessoa agisse em função de mim ou do que eu acreditava, seja para o bem, seja para o mal.

Estas circunstâncias foram muito favoráveis vendo do atual ponto de vista. Raramente me pego achando que todos estão contra mim, ao contrário, só percebo que tinha alguém contra mim quando a pessoa já está com a faca na minha jugular. Figuras de linguagem à parte, eu sou bem lenta para perceber quem não gosta de mim, e as pessoas que se sentem o centro do mundo acham que a atitude – geralmente má – de qualquer pessoa é por causa dela, para prejudicá-la, ou para ela e enxerga inimigos em potencial em todo canto.

Mesmo depois que noto pessoas na minha jugular é difícil fazer caso do ocorrido. Incomoda, às vezes dá medo, preocupa, mas isso não causa síndrome de nada. Existe uma frase bem clichê que resume bem: Deus está vendo. Minha história de vida (as circunstâncias que citei acima) possui inúmeras evidências de que os caminhos de Deus são perfeitos, o que não significa que eu não vou chorar, me machucar e sofrer, além de sorrir.

Quando acontece alguma situação com alguém e eu percebo que me faltou malícia ou experiência de vida, eu lembro também que foi Deus que permitiu que eu não tivesse determinadas experiências e saísse em suposta “desvantagem” em algumas ocorrências rotineiras do comportamento humano. Existem coisas que por mais que eu corra atrás do tempo perdido, não dá para alcançar, e experiência é uma delas. E tudo bem. Por mais que isso me faça mal algumas vezes. Amanhã eu entenderei o propósito, como aceito os propósitos do que me ocorreu no passado.

Crescer lidando com pessoas conhecidas e desconhecidas me carregando a contragosto para cima e para baixo me fez ser bem resiliente com pessoas que não gostam de mim. Desde que não tente me prejudicar (e aí fatalmente serei degolada) pode desgostar de mim à vontade. O que eu precisar Deus vai prover, mesmo que tenha que ser através delas ou apesar delas. Sinceramente, acho que não tem tantas pessoas que não gostam de mim assim. Existem algumas chateadas pontualmente, outras tantas que não possuem afinidade, e aquelas que julgam pela aparência e nem me conhecem. Do grupo destas últimas, muitas que passaram a me conhecer disseram que eu nada tinha a ver com o que elas pensavam de ruim sobre mim.

Aprendi com as circunstâncias que a opinião dos outros não é termômetro seguro para nada. Pelo menos não na vida real, na vida material por exemplo, a pesquisa de satisfação é muito útil para medir a qualidade de um produto ou serviço. Mas pessoas não são produtos nem serviços, logo não se mede por meras opiniões.

Pela opinião dos outros eu teria parado de escrever, eu não teria voltado a estudar, não teria arrumado emprego. Pela opinião dos outros eu não leria a Bíblia e não assistiria escondido ao programa do pregador (católico, diga-se de passagem) pelo qual acabei me convertendo. Pela opinião de muitos eu teria me “juntado” imoralmente com um ex-noivo em troca de supostos benefícios de curto prazo em sair de casa com os quais nunca concordei.

Não significa, é claro que a opinião dos outros é sempre errada. Depende de quem opina e da sua intenção. Na dúvida, sigo a luz do mundo: Cristo! Ele é o centro do universo, a ele responderão todos que fazem o bem e o mal. Ninguém que pratica o mal contra nós faz sem a sua permissão, e quantas vezes alguém agiu na intenção de nos fazer mal e nos colocou sem querer numa posição muito mais favorável que a anterior? Na verdade existia sim alguém agindo, não necessariamente em minha função, mas em função do seu propósito na minha vida. E existe sim alguém contra, o inimigo, contrário a este propósito de Deus em mim. Os outros são só instrumentos, mas mais são os que estão do lado do bem, que do lado do mal.

Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos! Por que quem compreendeu a mente do Senhor? ou quem foi seu conselheiro?
Ou quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado?Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.

Romanos 11:33-36

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