domingo, 28 de maio de 2017

Perfume de Missa



Tive o imenso privilégio de nascer num lar cristão. Ao contrário do que ouvi certa vez de que a “minha base de conhecimento está em cima de uma religião evangélica”, nada podia estar mais fora de contexto, pois nasci numa família católica. E não bastasse isso tinha uma repulsa tradicional por tudo que continha o selo gospel, ou seja, evangélico. Eu tinha horror a crentes! O que não era propriamente uma opinião racional era só algo que eu tinha aprendido no ambiente.

Recordo com carinho de quando a família ia reunida à missa, era uma ocasião solene que exigia as melhores roupas - por mais pobres que fossemos sempre tínhamos as “roupas de sair” – e também me lembro do perfume característico que minha mãe distribuía em nossos “cangotes” e lá íamos à “igreja”. Poucas coisas são dignas de nota.

Lembro que apesar da tradição fui batizada somente aos doze anos, para não morrer pagã, visto que minhas convulsões epiléticas tinham começado e ninguém sabia ainda do que se tratava. Lembro-me do terrorismo que faziam sobre “não mastigar a hóstia” que eu, criança, me consolava por não ser obrigada a participar por não ter feito o ritual da 1ª Comunhão. Lembro também de um cântico do coral que dizia “Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, Tende piedade de nós. Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, Dai-nos a paz!”.

A Palavra de Deus que é viva encontrou caminho até o meu coração por um sacerdote católico muito famoso, que tinha uma forma muito diferente de tratar o evangelho, naquele tempo, falava muito de Jesus e pouco (quase nada) de religião. Considerando que eu só tinha um livretinho do Novo Testamento e a leitura da bíblia não era um hábito doméstico e nem na “igreja” pouco significava para mim a expressão Cordeiro de Deus, mas o pecado do mundo eu fazia uma ideia. “Que pecado falar isso!” “Que pecado fazer aquilo!” Eu também não sabia que todos nascemos pecadores e por isso pecamos. Como ouvi de um irmão de fé uma vez: o limoeiro está destinado a produzir limões e o pecador a produzir pecados.

De todas as bem intencionadas almas religiosas a minha volta, que tanto temia por minha doença e me privava de ir ao mercadinho da esquina para poupar-me de perigos, ninguém nunca mencionou o perigo de viver um segundo a mais que fosse sob o risco da condenação eterna. Que existia um Deus justo o suficiente para exigir a condenação do pecador e um Deus igualmente misericordioso que providenciou seu Filho Santo, Jesus Cristo, para se sacrificar em nosso lugar, tal qual o cordeiro sem mancha era usado antes pelo povo de Israel para purificá-los dos pecados no judaísmo instituído pelo próprio Deus.

Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. João 3:16

Em nenhum outro lugar ou caminho há salvação. Nem para o mais bondoso e caridoso incrédulo, nem para o professante religioso de qualquer credo que duvide desta mesma verdade ou a rejeite. Ninguém. Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim. João 14:6. Aprendi pela fé que não fazia sentido cantar todo domingo “Cordeiro de Deus Tende piedade de nós” e “Dai-nos a paz”, pois a obra foi consumada! Cristo apiedou-se de nós e enfrentou o castigo que merecíamos de uma vez por todas e para todos. Por Ele é dada a paz com Deus, aos que creem, sem que precisemos pedir repetidamente. Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo; Romanos 5:1

Muito mais acertadamente hoje canto:

Em pecado foste feito, 

Por nós, tão vis, lá na cruz; 

O juízo recebeste, 

Dando-nos a paz, Jesus.

Ó Cordeiro, de Deus Filho, 

Te louvamos Salvador; 

E sabemos que Teu brilho 

Nos farás ver, em fulgor*!


E andai em amor, como também Cristo vos amou, e se entregou a si mesmo por nós, em oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave. Efésios 5:2

Hoje posso dizer que sou crente, não no sentido corrente de filiada a uma religião dita “evangélica”. Não me converti a uma religião, mas a Cristo Jesus, Salvador.

* Hino Quão Imensa Foi a Graça! (Oh The Deep, Deep Love of Jesus) Ton-Y-Botel; Ebenezer; 
Estêvão;


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