sábado, 8 de abril de 2017

Sangue Derramado


Recentemente ocorreu uma série de acontecimentos que parecem nada ter a ver um com o outro, mas que tocou em algo dentro de mim que me fez refletir um pouco. Certa vez conheci um rapaz muito bonito, de presença forte, rígida, intimidativa. Daquelas pessoas que sem perceber queremos evitar a todo custo e dependendo da situação até nos esquecemos de que é um ser humano com sonhos, alegrias, tristezas. Parecia mais uma máquina de trabalhar que executava tudo com uma precisão e qualidade ímpar. No entanto, uma notícia vinda há, exatamente, um ano desse encontro me chocou de uma forma incompreensível: ele está com um problema de saúde grave e afastado de suas atividades. Esse foi o primeiro acontecimento.

Uma irmã de fé, nos últimos tempos também adoeceu e também foi afastada de suas atividades e soube disso de uma forma não muito convencional para quem já foi tão próxima. Esse foi o segundo acontecimento. O terceiro foi um sincero convite que compartilhei com meus contatos para um evento beneficente, onde correram duas semanas sem nenhuma confirmação, e que uma mensagem de um amigo me fez desiludir do meu espírito benfeitor.

De onde veio tanta compaixão pelo rapaz sendo que quando tive oportunidade mal olhei nos seus olhos diante da sua presença? Nem preciso ir muito longe, ele é uma pessoa admirável, só que era um encontro de duas personalidades fortes e de dura cerviz, onde o seu personagem, por assim dizer, não permitia um embate pessoal e muito menos profissional. Mas imaginá-lo fora de sua armadura, me levou a olhá-lo mais a fundo, e eu sei o que pode existir além da força e rigidez.

Minha irmã de fé era alguém com quem eu vinha buscando sem muito tato marcar um encontro para conhecer sua recém-nascida (na ocasião). Diversas vezes tive meu objetivo frustrado, sem desconfiar que existisse algo de errado, afinal se não estivesse tudo bem 
ela teria me dito... Pretensiosa. Tudo que me vinha à mente era um sentimento de falta de consideração. O mesmo sentimento me veio com os convites frustrados de dupla causa beneficente, a minha e a do evento. Sabe aquela do ninguém me ama, ninguém me quer?

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo, que pacientemente já assistiu diversas de minhas crises existenciais, e sempre ao fim de uma “sofrência” me lembra de que o Seu divino amor me salvou dos meus pecados, e que toda a fraqueza da carne, as fragilidades do sangue, dos hormônios, tudo que nos atinge no corpo físico não deve nos abalar. O Senhor me tem por amiga, filha de Deus Pai pela fé em seu sacrifício.

Por esse amor que corre em mim, pelo poder do Espírito Santo, que eu consigo olhar além da minha própria teimosia para o coração do jovem enfermo, por quem estou cheia de zelo, pois me vejo nele em muitos aspectos. E
spero que ele esteja bem em sua alma, pois o físico dá para administrar até a vinda do Senhor para nos buscar. Por esse amor que oro do meu modo confuso, pela minha mana para sua recuperação, ou como disse pela administração do velho homem que infelizmente temos que carregar enquanto vivermos aqui. Esse velho corpo que adoece, que padece frio, calor, fome, sede. Esse velho corpo sensível e carente, que mendiga abraços e sorrisos, e quando não recebe sofre. Por esse amor pude ouvir com um pouco de dor algumas verdades sopradas em meus ouvidos, que provavelmente foram pensadas por muitos, mas apenas um sincero me permitiu conhecer os fatos e assimilar mais uma lição.

Que a limitação do corpo liberte o potencial do espírito, que as circunstâncias revelem seu aprendizado, e que se o Senhor quiser que a minha presença acrescente o que quer que seja na vida dos seus amados, estou à disposição, afinal “jovem serva” é o significado do meu nome.

Que o único sangue derramado a nos lavar daqui para a frente seja o precioso sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo Salvador.

E disse-lhes: Isto é o meu sangue, o sangue do novo testamento, que por muitos é derramado. Marcos 14:24

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