sábado, 12 de novembro de 2016

Não Tenho Prata, Nem Ouro para Dar



Não me lembro com quem aprendi isso, mas cresci acreditando que era precioso manter em sigilo, ou com o máximo de discrição, qualquer ajuda dada a um necessitado; talvez seja por ter nascido numa família católica, que por isso tinha algum conhecimento sobre a Palavra de Deus.

Em Atos dos Apóstolos, capítulo 3, tem uma história de um homem coxo de nascença (ele já estava com quarenta anos), que era carregado a uma das portas do templo sempre na mesma hora para pedir esmolas a quem passasse. Para chegar até lá carregado, deveria ser bem grave a deficiência na perna daquele homem.

O esforço diário dele à hora da oração na frente do templo deveria ser aparentemente bem recompensado. Mas as boas obras dos outros não satisfazia sua real necessidade. Quando os apóstolos Pedro e João chegaram para a oração no templo fitaram os olhos nele e pediram que ele os olhasse e o curou. Quantos que tinham dado alguma coisa àquele necessitado tinham olhado o homem nos olhos? E quem se sentiria confortável se ele os fitasse?

Quantas vezes pensamos mais no nosso sentimento ao ajudar os outros do que nos sentimentos de quem ajudamos? Quantas vezes nos sentimos tão bons, e generosos, caridosos e benevolentes, que até chegamos a pensar que somos melhores do que aqueles que não fazem o mesmo que nós. Mesmo aquele que nos elogiam pelas nossas boas obras, criticamo-los, pois só falam e nada fazem. Será? 


Na história do livro de Atos O homem que foi curado reconheceu o verdadeiro autor daquele milagre e o louvou. Porém o povo que assistiu aquele episódio, “correu atônito para junto deles”. É o efeito da caridade em praça pública (hoje também temos as redes sociais), dá àqueles que praticam o ato a aparência de piedade e não dá a devida glória ao verdadeiro dono de todos os recursos que compartilhamos: Deus. 

Que triste testemunho às vezes damos na melhor das intenções! Quão presunçosos parecemos ao convidar os outros para fazer igual as nossas obras! Tudo que temos para dar, seja prata, ouro, brinquedo, alimento, remédios... tudo veio das mãos de Deus para a nossa, e somos apenas despenseiros. Que glória nos resta? Somos todos servos ministrando os recursos de Deus, e se alguém não reparte com liberalidade do que possui, quem sou eu para julgá-lo? Façamos para o próximo e em silêncio como se estivéssemos fazendo para Deus e não aos homens, assim ficaremos em paz, pois Deus é capaz de enviar seus outros servos (e até os servos do mundo) às ruas para servir. Mesmo que a gente não os veja.
Mas, quando tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a direita; para que a tua esmola fique em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará. (Mateus 6:4)

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